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Dia de Todos os Santos.


Hoje é dia de todos os santos e, como costumamos falar, a santidade é a vocação de todos nós. Todos somos, sem exceção, chamados a este caminho, uma vez que Deus deseja que todos se salvem. Certa vez, num retiro final de uma turma de crisma, um dos presentes, sendo interrogado sobre se ele tinha um chamado à santidade, respondeu que só o fato de pensar isso já era pecado, rs.. E isso numa turma de crisma... Tal episódio fala bastante de como anda a formação de um imenso contingente católico e de como grande parte de nós possui uma noção totalmente equivocada do que seja a santidade. Parece-nos, às vezes, que ela consiste em algo semelhante à posse de super-poderes dados arbitrariamente por Deus a alguém que, desde o nascimento, se distinguia dos demais por meio de mil estranhices. Porém, a única coisa bizarra aqui é este tipo de idéia. Não.. a santidade não é nada disso.

O que significa ser santo, então? Também não significa passar pelo processo de canonização. Isso é outra coisa. Nem todos os santos passam por tal processo. Há uma imensidão de santos desconhecidos e que, nem por isso, deixam de sê-los. Meditemos, então, em qual seja o significado da santidade.

Primeiramente, há uma vocação ou chamado universal à santidade. Porém, estão em possibilidades de alcançar a santidade somente os católicos. Sabemos que este tipo de discurso, claro e inequívoco, fere as susceptibilidades modernas. É muito mais politicamente correto afirmar que qualquer um, em qualquer religião do mundo, pode alcançar a santidade. Mas, ao fazê-lo, cairíamos num tipo de pelagianismo ou naturalismo e provaríamos desconhecer de todo a dinâmica da graça. O chamado universal à santidade, portanto, não implica que qualquer um pode ser santo onde quer que esteja, isto é, em qualquer movimento religioso do qual faça parte. Ao contrário: o chamado universal à santidade identifica-se com o chamado universal ao catolicismo.

"E por que só os católicos? Que tipo de exclusão é essa? Nossa! Em pleno século XXI me aparece um sujeito falando uma asneira dessas de que só a religião dele é a certa, quando Jesus não instituiu nenhuma igreja, mas apenas veio pregar a prática do amor?", é o que dirão esses católicos modernos formados pelo romantismo e sincretismo propagado pela mídia e promovido por certos padres cantores e outros militantes da fraternidade universal maçônica. Mais uma vez, repetimos: quem defende tal tipo de coisa está mostrando claramente desconhecer os rudimentos da Fé Católica. Não se trata de um discurso gratuitamente intolerante; há razões lógicas profundas que fundamentam esta posição. E é muito difícil alguém chegar à santidade desconhecendo essas coisas.

Meditemos primeiramente no que seja a santidade e, depois, veremos o que seria necessário para alcançá-la. 

Todos nós fomos criados por Deus e fomos feitos segundo uma certa idéia que Deus teve de nós. Esta idéia precede a nossa existência. Uma vez que nós vimos ao mundo, vimos com uma certa correspondência fundamental àquela idéia divina: somos seres humanos, dotados de uma alma imortal. Porém, havia também naquela idéia ou arquétipo algo de absolutamente único para cada ser humano; uma vocação ou chamada específica e que correspondia a uma verdade íntima e profunda daquela alma em particular. Acontece que somos seres livres e que, portanto, podemos nos tornar o que, de fato, nós somos - isto é, o que Deus pensou quando nos fez -, ou podemos também nos tornar o que não somos, assumindo qualquer ideal diferente e que careça de outro fundamento a não ser o da nossa vaidade.

Quando nos tornamos o que, de fato, nós somos, então nos realizamos, pois todo o nosso ser adquire unidade e harmonia. Daí surge uma felicidade muito espontânea, de dentro para fora e que não apenas toca superficialmente a nossa vontade, mas a anima desde dentro. Esta correspondência com a vontade divina é a santidade. Poderíamos, então, dizer que a santidade nada mais é do que ser o que se é; optar pela verdade de si mesmo.

Quando, pelo contrário, escolhemos algum caminho que não corresponda ao que nós somos, então passamos a viver de ilusão; optamos por algo que não existe e, na verdade, nem pode existir. Decidimos sustentar algo insustentável e, então, o nosso ser se insere numa contradição. Neste sentido, não pode haver alegria em sentido estrito. O que geralmente há é a busca sucessiva de sensações que nos distraiam da falsidade do que nos tornamos, e uma angústia fundamental de fundo, motivo pelo qual as pessoas que aderem a isto estão buscando constantemente por distrações. Não gostam de se auto-observarem, pois então testemunhariam a fatuidade do que vivem.

Bem.. se assim é, por que diabos esta correspondência à verdade de si mesmo estaria vedada aos não católicos? "Isto não parece muto razoável", poderia pensar alguém. Acontece que, se estivéssemos, antes de optar por um caminho ou outro, totalmente neutros e tivéssemos uma mínima clareza sobre essas coisas, então todos estaríamos em condições de fazer boas escolhas. Contudo, uma vez que estamos na existência, trazemos em nós uma certa desordem interna - a concupiscência - que nos inclina à mentira, ao que nós não somos, ao oposto da santidade, ao oposto do chamado que recebemos - uma revolta fundamental - e que nos obscurece a visão, nos impedindo ou pelo menos dificultando uma reta consideração sobre o que somos de verdade.

Porém, há ainda outra dificuldade: mesmo que víssemos com clareza o que nós nos deveríamos tornar, ainda assim nos faltaria a força de empreender o caminho, visto que essas inclinações que trazemos na alma são como pesos que nos forçam para baixo, isto é, para o que não somos. Sozinhos não conseguimos, e este é o erro de todo naturalismo: ele ignora a nossa fraqueza, isto é, parte de um equívoco de avaliação. Este equívoco é, já, produto da concupiscência, o que equivale a dizer que o naturalismo ou pelagianismo é tão somente mais um mantenedor do atual estado de coisas, pois nos inebria com a suposição de uma força ilusória - nos fadando a um contínuo fracasso -, e nos impede de buscar a força lá onde ela de fato existe. E sem esta força ou ajuda não nos é possível sair deste buraco onde despendemos esforços vãos.

Esta força se chama Graça Santificante, e foi para nos conceder isto que Nosso Senhor veio a este exílio e padeceu por nós na Cruz. Dizer que qualquer um, em qualquer religião, pode acessar, pelas próprias forças e pelo bom mocismo, a salvação, é o mesmo que dizer que o que Jesus fez foi desnecessário. É ainda chamar o apóstolo de mentiroso, pois que ele afirma claramente: "nenhum outro nome nos foi dado pelo qual possamos ser salvos". Se deixarmos o romantismo um pouco de lado, compreenderemos. A Graça nos vem por meio de Jesus Cristo. E aqui reside outro problema: se formos fazer uma pesquisa dentre os católicos, interrogando sobre o que seja a graça, veremos as coisas mais estapafúrdias. A imensa maioria parte de idéias subjetivas confusas e faz da graça algo indefinido, sentimental, como se ela fosse infundida numa espécie de auto-projeção ou de disposição emocional a Deus. Mas nada disso é a Graça. 

A Graça é uma realidade objetiva que Deus mesmo infunde na alma e que sobrenaturaliza as nossas ações, concedendo-nos a força de praticar efetivamente o que Nosso Senhor nos pede, sem hipocrisias, e de irmos nos tornando aquilo que somos. A Graça nos é dada no batismo. É ela que nos insere numa vida verdadeiramente espiritual. Sem ela, as nossas ações, por melhores que sejam, ficam restritas às paredes do nosso egoísmo. É a Graça que nos eleva sobre nós mesmos e nos coloca sob os influxos da Paixão de Cristo. Ela - a Graça - é perdida no pecado mortal e é retomada na confissão. É por isso que, para alguém que leve a sério a vida evangélica, a prática da confissão deve ser algo a que se recorre muito frequentemente. Ora, em que lugar tais sacramentos se dão? Na Igreja Católica Apostólica Romana. Se alguém não está aí inserido, está confiado às suas próprias forças e, portanto, seus esforços, por maiores que sejam, estarão sempre limitados, pois ninguém, por si mesmo, consegue alcançar a altura da Graça. A Graça é, na verdade, uma vida de uma ordem absolutamente outra, de modo que uma alma receber este dom em si constitui uma maravilha ainda maior que a criação do universo. E é somente pela Graça que podemos ter a esperança da santidade.

Portanto, que fique claro: todos somos chamados à santidade, e esta não é mais que a nossa correspondência ao que de fato nós somos. Para alcançarmos isto, é mister saber o que nós somos e, para sabê-lo, é preciso ter os olhos claros para considerar as coisas retamente. Uma vez que as consideramos de modo correto, cumpre empreender o esforço para alcançar tal termo. Tal, porém, está muito acima das nossas possibilidades naturais, pelo que nos tornamos absolutamente necessitados de um auxílio. Este auxílio é dado por Deus e consiste na Graça Santificante que obtemos por meio do batismo, perdemos no pecado mortal, e recuperamos pela Confissão. Uma vez que mantemos a Graça na alma e empreendemos com firmeza o combate interior, rejeitando o pecado - sobretudo, o mortal - a Graça vai estabelecendo-se na alma e dilatando-se nela. Neste processo, ela dilata também outros dons da própria alma e vai fazendo arrefecer a força dos vícios, fazendo avançar nos estágios que existem na via da perfeição. Esta correspondência ao que se é vai identificando-se com a semelhança com o próprio Cristo, nosso modelo de vida, Aquele que nos ensina a verdade sobre nós mesmos.

Quando, no dia de hoje, celebramos a memória de todos os santos, celebramos na verdade a vida de uma infinidade de pessoas que foram dóceis à Graça de Deus e fiéis à verdade de si mesmos, configurando-se ao próprio Cristo. Todos eles, provenientes de todos os lugares e de todas as épocas, nos aparecem como provas evidentes de que este caminho é verdadeiro, e possível. Aquilo que eles manifestam em suas vidas é uma demonstração clara do que Deus está disposto a fazer para nos ajudar, se formos generosos. A santidade, enfim, se identificará com a felicidade e a alegria mais íntima. Deus nos quer felizes e, por isso, nos quer santos. Neste dia, pensando naqueles que já nos precedem no Reino dos Céus e que gozam da inimaginável alegria da contemplação da Sua face, ardamos, também nós, no desejo de chegar um dia ao Céu e, animados pelos seus exemplos e pela heroicidade da vida dos santos, nos dediquemos inteiramente a este ideal. Que S. Domingos Sávio nos inspire para que, com ele, possamos também dizer: "Se eu não for santo, serei um fracasso".

Que Virgem Maria, Rainha de todos os santos, nos conduza nesta jornada. Amém.

Abaixo, uns poucos deles, rs...

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