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Ó Maria...


"O amor à Senhora é prova de bom espírito, nas obras e nas pessoas singulares.
- Desconfia do empreendimento que não tenha esse sinal."

"Ó Mãe, Mãe! Com essa tua palavra - "fiat" - nos tornaste irmãos de Deus e herdeiros da sua glória. - Bendita sejas!"

S. Josemaria Escrivá, Caminho

VI Aniversário do Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA


Nos dias 26,27 e 28 de Novembro, o Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA comemorará o seu VI Aniversário. Para celebrar esta data especial, nós estamos organizando um retiro de dois dias e uma noite com o tema "Provai e vede como o Senhor é bom!" (Sl 33,9)

Os pormenores ainda estão a ser organizados. Mas a data já está definida. Aproveitamos para fazer o convite aos amigos mais próximos. 

Lembramos ainda que, sendo um retiro interno, a quantidade de vagas é limitada.

Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA

Tarde te amei - Santo Agostinho


"Senti e experimentei não ser para admirar que o pão, tão saboroso ao paladar saudável, seja enjoativo ao paladar enfermo, e que a luz, amável aos olhos límpidos, seja odiosa aos olhos doentes." (Confissões, Livro IV, cap. XVI)

"Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco!

Retinham-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o, suspirando por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi no desejo da vossa paz."

Sto Agostinho, Confissões, Livro X, Cap XXVII..

Breve relato da conversão de Sto. Agostinho


Joseph Ratzinger

"O jovem Samuel servia ao Senhor sob os olhos de Heli. [...] Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel, que respondeu: "Eis-me aqui". Samuel correu para junto de Heli e disse: "Eis-me aqui. Chamaste-me". "Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te". [...] Pela terceira vez, o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Heli: "Eis-me aqui; tu me chamaste". Compreendeu então Heli que era o Senhor quem chamava o menino. "Vai e torna a deitar-te", disse-lhe ele, "e se ouvires que te chamam de novo, responde: "'Falai, Senhor, o vosso servo escuta!'" Voltou Samuel e deitou-se. Veio o Senhor, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: "Samuel! Samuel!" - "Falai, respondeu o menino; o vosso servo escuta!" (1 Sam 3,1-10).

"Hora de levantar-se!" Ao ouvir pela primeira vez este lema, lembrei-me imediatamente do homem que, no momento crucial da sua existência, o ouviu a partir das páginas da Sagrada Escritura: "Tens de levantar-te!" Estas palavras marcaram o rumo de toda a sua existência, e para mim foi decisivo poder conhecê-lo muito de perto nos anos em que eu mesmo encetava a jornada da vida e tomava as primeiras decisões.

Foi professor de Ciências Literárias na Tunísia, depois em Roma e por fim em Milão. Na sua juventude, unira-se a uma amante com quem vivia numa espécie de casamento em papel passado. Tinham um filho, que mimavam um pouco. Em Milão, quando por fim estava entre as personalidades mais conhecidas da alta sociedade, a sua mãe teimou em que aquela união não era conveniente; por outro lado, não podia casar-se com ela, porque a moça era de origem muito modesta e não combinava com ele por ser pouco culta. Assim, por insistência da mãe, separou-se dela. Mas, enquanto a mãe ainda procurava para ele uma esposa conveniente, o professor uniu-se a outra amiga, embora ao mesmo tempo sofresse terrivelmente pela mesquinhez do seu comportamento, pelo papel vergonhoso que estava desempenhando.

Também sofria cada vez mais por viver numa sociedade vazia e oca; considerava as suas conferências, que o tinham tornado tão famoso, nada mais que "palavrório insubstancial"; e percebia cada vez mais que essa vida de sociedade, com os seus convencionalismo e o valor que dava às origens de um e de outro, era tão hipócrita como o comportamento de que ele usara para com as suas amigas. Tudo isso o atormentava, e ele mesmo narrou como certa tarde, antes de uma grande conferência que tinha de pronunciar, encontrou pelas ruas de Milão um mendigo levemente embriagado que gracejava e brincava com os companheiros. Esse episódio penetrou-lhe no coração, e disse aos que o acompanhavam: "Esse homem leva uma vida alternativa. Com a meia dúzia de moedas que acaba de mendigar, é livre e feliz. E eu, com toda a minha erudição e toda a alta sociedade... Como é miserável esta vida!"

Também ouviu falar de outras opções. Ouviu dizer que havia homens e mulheres jovens que se erguiam, davam ouvidos a Cristo e punham sua vida inteiramente à disposição do Senhor, fundavam ordens religiosas e criavam alternativas reais para a vida. Depois contou que tina a impressão de que Deus o tinha tirado de trás de si e posto frente a frente consigo mesmo, obrigando-o a olhar para o seu próprio rosto e ver quem realmente era e que aspecto tinha. E acrescentava: "Eu era como um homem que tenta levantar-se em sonhos, que se esforça por erguer o corpo ainda adormecido,mas está oprimido pelo poder do sono e por um cansaço pesado como chumbo".

Soube, além disso, de um colega que também tinha sido professor de Literatura, mas num Estado ateu, onde se negava por princípio aos cristãos o acesso às cátedras universitárias. Esse homem, em circunstâncias dramáticas, professara publicamente a sua condição de cristão, porque preferia perder a sua cátedra a perder a sua honra, a sua alma e o seu Deus. E tudo isso agia sobre o nosso personagem. Sentia-se dilacerado, cheio de desprezo pela vida que levava, mas ao mesmo tempo incapaz de deixá-la e de passar a ser outra pessoa.

Mergulhado nessa imensa angústia, andava um dia pelo jardim da sua casa em Milão, dilacerado por dentro, lutando a meias com a decisão de levantar-se, mas o ao mesmo tempo ainda incapaz de fazê-lo. Contou-nos como via em espírito aproximarem-se dele as suas antigas amigas para dizer-lhe: "Mas se você não pode viver sem nós!..." E como via desfilar diante de si a sua vida, com todos os atrativos da sociedade e todos os prazeres que lhe diziam: "Mas se você não pode viver sem tudo isto!..."

Tomado de uma ira desesperada contra si mesmo, decidiu apostar toda a sua vida numa só cartada e abriu ao acaso uma Bíblia. E encontrou estas palavras: Já é hora de despertardes do sono. A salvaçao está mais perto do que quando abraçamos a fé. A noite vai adiantada e o dia vem chegando. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia, sem orgias nem bebedeiras, sem desonestidades nem dissoluções, sem contendas nem ciúmes. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais os apetites (Rom 13, 11-14).

E ele acrescenta: "Não li mais. Não precisava ler mais, pois agora sabia o que devia fazer: devia levantar-me para ir ao encontro de Jesus Cristo". E fez-se batizar e começou a vida nova, a vida alternativa com Cristo, tal como a vira descrita nessa passagem.

Como todos já sabem, esse homem chamava-se Agostinho. A sua vida transcorreu há mil e quinhentos anos, mas mesmo assim podemos encontrá-lo de maneira tão pessoal e tão próxima nos seus escritos como se estivesse ao nosso lado, porque viveu a nossa vida.

Joseph Ratzinger, Homilias Sobre os Santos.

Encontro com Aslam


Isto marejou-me os olhos quando li pela primeira vez:

"As crianças olhavam para a face do Leão enquanto ele pronunciava essas palavras. De repente (nunca souberam como aconteceu), foi como se a face de Aslam se tornasse um mar de ouro no qual flutuavam; inexprimível força e ternura passavam por eles e por dentro deles; e sentiram que jamais na vida haviam sido realmente felizes, bons ou sábios, nem mesmo vivos e despertos, até aquele momento."

C.S.Lewis, As Crônicas de Nárnia, O Sobrinho do Mago, Cap. XV.

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O que não será o encontro com Nosso Senhor?...

Ajudem a divulgar o caso de Yong Vui Kong


Pessoal, ontem a petição teve poucas assinaturas. Ainda nem chegamos aos 40.000...
Peço aos amigos, sobretudo aos blogueiros que ainda não divulgaram o caso, a caridade de o fazer. Há muita gente neste meio, inclusive gente cujo blog goza de grande número de visitas. A estes, reforço o apelo.

Esclarecimentos aos músicos sobre os preceitos litúrgicos e as inovações individuais na Liturgia


Neste último domingo, tivemos reunião para os músicos da paróquia. Na ocasião, eu entreguei três textos para a reflexão. Um tratava da Santa Missa como um todo no sentido de que não são lícitas as inovações que estão a fazer mundo afora. Havia no texto algumas expressões fortes para os que não estão habituados ao pulso firme da Igreja, como por exemplo: "Nem a comunidade nem o padre podem mexer na organização da Santa Missa". Os outros textos tratavam de momentos particulares, como o Ato Penitencial e o Glória. Seja como for, a cortada foi significativa.

Surgiram, naturalmente, algumas questões a respeito que foram devidamente esclarecidas, ainda que brevemente e somente até onde dava. Como dizia Nosso Senhor aos apóstolos: "Muitas coisas tenho ainda a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora". Também naquela ocasião, algumas pessoas não estavam preparadas para engolir coisa tão sólida... E as coisas se dão a partir de um processo mesmo.

No entanto, já no final da reunião, surgiram algumas perguntas curiosas, e é isto que quero partilhar com vocês. Naturalmente, foram feitas com muita ingenuidade, mas elas deixam transparecer qualquer tipo de obstinação no erro. Além disto, podem também representar as dúvidas de muita gente por aí. Foi mais ou menos o que segue: (As partes em negrito são as minhas falas)

Depois de tratar, por cima, a preocupação da Igreja com a retidão litúrgica, veio a pergunta:
- "Mas e onde fica o Espírito Santo nesta história"?

Como eu não entendesse direito do que se tratava, a pessoa esclareceu:

- "Com o Concílio Vaticano II surgiu a RCC... Neste tempo a Igreja estava meio... fria..."

- "Tava não, rapaz..."

- "Não, a Igreja não... os católicos.. E aí a RCC trouxe muita gente p'ra Igreja... Então, por que a Missa não pode ter o jeito dela quando ela anima"?

- "Olhe... se quisermos compreender bem isso tudo, esta onda de inovações e estes problemas, teríamos que voltar há muito tempo atrás. Já S. Pio X, no início do século passado, condenava vários movimentos que pretendiam ferir a Igreja. Então, esta apreciação sua aí precisa de mais base. Agora, onde que entra o Espírito Santo? Primeiro: Ele nunca esteve ausente da Igreja..."

- "Eu sei..."

- "Pois bem. Se disséssemos que Ele teria se ausentado, pecaríamos contra o dogma da indefectibilidade. Depois, a existência de santos em todas as épocas é prova de que Ele sempre esteve na Igreja. Com relação à Liturgia, o Espírito Santo atuou justamente inspirando o Magistério da Igreja na organização dos princípios litúrgicos. O Espírito Santo mesmo é quem construiu a ordem litúrgica. Ele é um Deus de ordem."

- "Certo... eu sei.. Mas, por exemplo, o Espírito Santo pode falar comigo também na minha oração. E aí?"

- "Pode, claro. Mas, seja lá o que Ele disser, nunca vai se opôr ao que diz a Santa Igreja! Por que? Porque o Espírito Santo não se contradiz. Aliás, este é o grande critério usado pelos santos! Não importa quão bela seja sua oração ou que você experimente nela; se é contrário ao que a Santa Igreja ensina, é certo que não vem de Deus..."

Disto se segue uma meia torcida nos lábios...

"E você dizer que é preciso haver inovações contra o que diz a Santa Igreja supõe uma certa desconfiança ao que a Igreja ensina!"

- "Não, não, eu não desconfio não da Igreja"

- "E então! Deus não pode inspirar a Igreja a uma coisa e inspirar individualmente alguém a outra. Deus não muda de opinião!"

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Além destes temas, discutimos ainda a questão das palmas na Santa Missa, dos ritmos, etc.
A conversa era sempre entrecortada por uma expressão desta pessoa:
"Eu sei que você está certo..."

E aí está justamente o curioso. Por que, então, esta resistência? Reconheço, porém, que quem se endereça por esta via correta, há de ser bem espetado a fim de deixar seus excessos. E nem todo mundo está disposto a isto. Mas aí é que tá: quem não está disposto, que também não atrapalhe. Sempre se disse que o caminho era estreito e apertada a porta. Pois é.

Lutemos, meus caros, pois isto também é o bom combate da Fé.

Que S. Miguel nos auxilie.

Fábio.

"Mas será que Yong Vui Kong merece perdão"?


Fazendo a campanha para arrecadar assinaturas no intuito de tentar salvar a vida do jovem Vui Kong, tenho escutado a frequente pergunta: "mas o que foi que ele fez?". Perguntar isto é natural, uma vez que a pena de morte está geralmente associada a coisas terríveis.

Porém, uma vez que se diga o motivo: "tráfico de drogas", há pessoas que hesitam. Há quem pergunte: "e se ele voltar para o tráfico?" ou "quem garante que esteja arrependido"?

Primeiro: conseguir salvá-lo da pena de morte não implica que ele irá ser solto. Apenas não morrerá.
Segundo: Ainda que não estivesse arrependido, a pena de morte é totalmente inconveniente para tal caso.

Terceiro (e quero focar um pouco este ponto).
Parece que algumas pessoas sugerem que não deveria ser-lhe dado o perdão. Interessante que este tipo de coisa, de esquiva e tal, é feito, em grande parte, por católicos. Sabe o que isto me lembra? "servo mau, já que te perdoei toda a tua dívida, não deverias ter agido com misericórdia com o teu irmão?"

Sim... Não sei com que fundamento achamos que nossas ofensas graves contra Deus são coisa pequena. Achamos mesmo que merecemos perdão? Rs... No entanto, temos já, espero, larga experiência da misericórdia divina, de um Deus que nos perdoa tão logo nos aproximemos de um confessionário com as devidas disposições.

Mas parece que costumamos estabelecer o critério da gravidade segundo a repercussão social que isto traz. A gravidade torna-se mera convenção. Os nossos pecados e ofensas a Deus, porém, já que ninguém vê, são dignos de perdão...

Ora, façam-me o favor! Deveríamos, visto que muito nos é perdoado, estar ávidos por uma oportunidade de retribuir este perdão! Ademais, rezamos o Pai Nosso, espero, todos os dias e repetimos: "perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

E depois, queremos negar o perdão a um rapaz que se arrependeu e que, se não fizermos algo, será morto?!
Muito mais merecemos nós por nossos pecados! Nada menos que o inferno! 

Que Deus nos dê um coração de carne e imprima Seu amor nele.

Fábio.

Prazo para pedir clemência pela vida de Yong Vui Kong foi estendido! Deo Gratias!


O advogado do malasiano condenado à pena de morte, Yong Vui Kong, conseguiu uma extensão do prazo para pedir clemência ao Sr. Presidente de Singapura! Graças a Deus ainda temos tempo! Peço aos amigos que me lêem que façam a caridade de divulgar o caso.

Deus os abençoe e recompense.

Deo Gratias!

Último dia para tentar salvar o jovem Vui kong



Pessoal, só temos até hoje (26 de agosto). E eu estava a pensar que dia 26 era só amanhã....
Infelizmente, só temos, até agora, 38.708 das 100.000 visitas. :(

Mas não vamos desistir... Temos ainda o dia inteiro.

Por favor, assinem a petição pela vida de Yong Vui Kong AQUI!!!

Música Litúrgica, Universalidade x Regionalismo, Gravidade x Balanços Rítmicos


Li recentemente um artigo em PDF, de autoria da CNBB, sobre a música litúrgica que, para variar, vinha recheado de várias inverdades. Munido de afirmações contraditórias, provenientes da tentativa de conciliar o ensino tradicional da Igreja a este respeito - sobretudo tomando como referências o canto gregoriano e a polifonia - com as inovações pregadas por aquela má interpretação do último concílio, o artigo punha sua tônica na suposta necessidade da música litúrgica de, analogamente à Encarnação do Verbo, adaptar-se ao costume da comunidade em que se dá. Dizia que qualquer forma ou expressão musical pode ser usada para fins sagrados. Para não ser equívoco, transcrevo a expressão exata que vi lá: "toda linguagem musical é bem vinda, desde que seja expressão autêntica e genuína da assembléia". (Podem ler o artigo aqui: "canto e música na Liturgia pós vaticano II").

O texto argumentava ainda sobre o direito que a comunidade tem de cantar as músicas e falava ainda de um certo "balançar no mesmo rítmo" como referência à dança enquanto forma legítima de louvor a Deus. Tudo isto, obviamente, no contexto da Santa Missa.

Ao católico um pouco mais informado a este respeito, creio ser já suficiente notar a incongruência do discurso. Falarei brevemente a sobre o assunto...

O texto não é de todo ruim. E o problema é justamente este: por conter pontos positivos, corre-se o risco de um leitor mais crédulo generalizar tais pontos e tomar o todo por bom. Se a coisa fosse totalmente absurda, sequer haveria de ser lida, a não ser para divertimento.

Primeiramente, é totalmente falso admitir qualquer "linguagem musical" na Celebração da Santa Missa. Esta expressão globalizante, muito ao modo do discurso ideológico anti-exclusão, inclui, forçosamente, tanto as músicas dotadas de um senso artístico mais elevado, quanto as que ficam na mediocridade.  O problema é que as nivela e, como bem sabemos, termina-se por optar pelo mais fácil, sob pretexto de ser mais acessível. E isto sim é uma mudança radical na compreensão litúrgica! Em todos os tempos, a música que servia o Santo Sacrifício era, de todas, a mais nobre. Hoje, porém, sob o prexto da ideologia referida, coloca-se tudo, desde que seja "expressão" da comunidade.  Como sabemos, hoje costuma-se organizar celebrações para adeptos da cultura africana, para vaqueiros e, naturalmente, segundo o argumento proposto, estariam permitidas as expressões musicais que acompanham estas culturas. Neste sentido, há música pop, rock,  sertanejo, sambas e batuques. Que não inventem, pelo menos, de querer "converter" os funkeiros com este método. Que os céus não permitam!

Um dos critérios que a Santa Igreja pede esteja munida a música litúrgica é a Universalidade. O que é isso? Universal é aquilo que engloba a totalidade de um dado conjunto. Quando se pede que a música seja universal, isto significa que, independentemente do local ou cultura, os que a ouvirem não devem ter uma má impressão. O pressuposto disso é que, primeiramente, há algo que liga os homens, algo mais fundamental do que as contingências geográficas. E outra razão para tal, é que a música busca, primeiramente, a glória de Deus, e não meramente o entretenimento humano. Como se sabe, não podemos buscar esta glória de Deus de qualquer forma. Daí que, no referido artigo, fica uma contradição patente: como, por exemplo, defender o gregoriano e a polifonia como um referencial e, ao mesmo tempo, afirmar que qualquer forma musical é bem vinda e que a música deve adaptar-se aos lugares onde acontece?

Um obediente ingênuo cairia aí no regionalismo. Aqui no nordeste, por exemplo, lá estaria a cantar seus forrós em pleno Sacrifício de Cristo. E isto, infelizmente, é muito frequente. Mas está errado. A música litúrgica deve estar permeada do "sentir comum da Igreja" e isto não se faz a não ser que se mergulhe na riquíssima tradição litúrgica da Santa Igreja. A universalidade, portanto, faz referência à potência universal dos homens com relação ao catolicismo.

Outra coisa de falso que se diz, e que já foi excessivamente reforçado pelas autoridades em música litúrgica, embora solenemente ignorado pelos bagunceiros cebianos, é que a Santa Missa não é lugar, nem de bater palmas, nem muito menos de "se balançar no mesmo ritmo". E por que isto? Por que ela não é festa, é Sacrifício!

Espanta-me que um documento a respeito da música litúrgica não traga, sequer uma vez, uma definição da Santa Missa como sendo Sacrifício. Fala-se de "alegria escatológica", mas não de Sacrifício. Isto é estranho, sobretudo se consideramos que esta é a essência da Missa! Esta bagunça toda, meus caros, nos mostra que, por trás das inovações non sense, parece estar a descrença no realismo do Mistério.

A coisa toda é muito séria e certos pontos são mais complexos. O artigo referido, porém, parece brincar com certos conceitos. Banaliza tudo com a típica ambiguidade de sempre...

Que Deus nos ajude.

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Ah, tenho postado pouco porque estou preocupado com o jovem Vui Kong. Até sexta feira, estarei empenhado em recrutar assinaturas para tentar salvar o rapaz. Aproveito e refaço o meu apelo. Por favor, assinem e divulguem.

Fábio.

Dê a Yong Vui uma segunda chance!

SANDAKAN, sexta-feira, 20 de agosto de 2010 (ZENIT.org) - Diversas pessoas e organizações católicas estão pedindo uma segunda oportunidade para um jovem da Malásia que foi condenado à morte em Singapura por tráfico de drogas.    

Uma campanha pela internet tenta recolher 100 mil assinaturas para pedir clemência ao presidente de Singapura e cancelar a execução de Yong Vui Kong, informou a agênciaUcanews.

O jovem, de 22 anos, foi preso em Singapura em 13 de junho de 2007, por posse de drogas. Depois, foi acusado de traficar com 47 gramas de heroína e condenado à morte.

"Era uma criança ingênua quando cometeu o delito - explica o secretário executivo da diocese de Sandakan, no Estado de Sabah, Francis Tan. Além disso, ele se arrependeu na prisão e é uma pessoa diferente."
Em Sandakan, cidade de origem de Yong, também estão desenvolvendo uma campanha tradicional de recolhimento de assinaturas para salvar a vida do jovem.

Se as autoridades de Singapura permanecem impassíveis diante destes requerimentos de última instância, o condenado morrerá depois de 26 de agosto, o último dia para solicitar clemência.

Para a assistente social de Sabah, Sylvia Mary Sebastian, Yong é "uma vítima de injustiça social".

"Ele era muito pobre - explicou. Teve pouca instrução. Alguém se aproveitou da ignorância de Yong com promessas de riqueza. Como se pode fazer justiça executando Yong e outros como ele?"

O ministro de Assuntos Exteriores da Malásia também apresentou um recurso de clemência ao governo de Singapura, pela primeira vez num caso como este. Yong, que procede de uma família desestruturada, cresceu em meio à pobreza, na zona rural de Sandakan.

Quando era adolescente, foi a Kuala Lumpur para buscar trabalho e acabou fazendo "bicos" pelas ruas. Depois se envolveu com as sociedades secretas e se converteu em traficante.

Fonte: Zenit
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Por favor, só temos até o dia 26 deste mês. Assinem a petição de clemência aqui

Urgentíssimo: vamos salvar a vida de um ser humano... estamos numa luta contra o tempo

Reproduzo o apelo da Teresa e, a por ele, faço também o meu. Assinem!

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Hoje venho pedir ajuda aos meus amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos e a toda a gente católica ou não, mas que tenha bom coração e nobres sentimentos. A generosidade, a grandeza de alma jamais ficará sem ser compensada pelo bom Deus.

Vocês já me conhecem e sabem que, quando me envolvo nalguma coisa, dedico-me por inteiro – dou-me sem reservas.

Quero salvar um ser humano que não conheço, com o qual nunca nenhum contacto tive e do qual só ouvi falar ontem. Quem puder ajudar-me, terá a minha gratidão eterna.

É incrível como podemos amar alguém que está do outro lado do mundo e com o qual jamais tivemos qualquer contacto – é o amor cristão, o amor sobrenatural que Deus põe nos nossos corações. Amar sim, porque, pela vida desta pessoa que não conheço, sou capaz de implorar, suplicar até aos meus inimigos que assinem a petição. Seria capaz de andar aí pelas portas a ‘chatear’ por uma assinatura.

Amor verdadeiro que me levará amanhã a oferecer a Deus um jejum de um dia inteiro e que me levou a estar toda a noite de hoje com o rosário na mão a pedir pela sua vida. Amor cristão que me faz agora pedir – implorar, suplicar - a vossa ajuda: para salvá-lo da morte e demover o presidente do país da execução, são necessárias cem mil assinaturas até Quinta, dia 26. É muito, muito urgente assinar e divulgar, espalhar entre outras pessoas para que também assinem.

Vocês sabem que sou contra a pena capital e que, por isso, defendo com todas as forças uma causa que considero justa e em que a grande maioria dos católicos dos países onde ela é aplicada se empenha forte e corajosamente: a abolição total e definitiva. Mas, este nem é o caso de ser-se contra ou a favor: os que são a favor também podiam ser bondosos, generosos, ter bom coração e pedir clemência para este ser humano concreto, um jovem que tem toda a vida pela frente e que, num dado momento e por ter crescido na miséria e não ter tido educação moral, traficou drogas, sendo por isso condenado à morte. Ele já se arrependeu muito; o que pedimos para ele é uma pena de prisão – e vocês sabem que nesses países as penas são duríssimas, logo ele pagará à sociedade o que fez, será feita justiça com uma pena de prisão.

Apelo aos sentimentos de todos, ao bom coração de todos e à fé e caridade cristãs de todos. Ajudem-nos a salvar um ser humano, a vida de um jovem que não merece morrer. Não estou a pedir para salvarmos todos os criminosos e assassinos – rsrsrs se o fizesse caía-me tudo em cima! – mas um ser humano concreto, que nunca matou ninguém, com uma história concreta e que está em vias de passar pelos corredores da morte se nada fizermos para o salvar. Por favor, ajudem-no a sobreviver. Está nas nossas mãos fazê-lo – uma assinatura, a sua assinatura, pode salvar a vida de um ser humano. Ponham a mão na consciência e digam-me se querem ser indirectamente responsáveis pela morte de um jovem arrependido.

Aos meus verdadeiros amigos: abdico dos presentes de Natal e de aniversário, e dos livros que me enviam, se assinarem a petição. É a melhor coisa que poderiam fazer por mim. Por favor...

Parece um tanto sensacionalista, mas para salvar a vida de um ser humano não me importo de fazer tais figuras. A vida é um dom preciosíssimo do amor de Deus. Ajudem-me a salvá-lo – façam-no por mim!

Se mais pudesse fazer, não tenham dúvidas de que tudo faria. Mas, infelizmente, o único que posso fazer é enviar e-mails e divulgar o máximo possível a campanha católica, para tentarmos preservar a vida deste jovem a quem já amo mesmo sem conhecer.

Deus queira que se salve.

Sempre disse e direi que a força que domina o mundo não é a força do dinheiro, nem a do poder, nem a do sexo: é a força transformadora e impulsionadora do amor. Tenho a firme convicção de que, com o poder da oração, a força da fé e o impulso do amor, se resolvem todos os problemas. Bem, e se estiver errada, paciência; prefiro amar – a minha escolha é sempre o amor, a arma mais poderosa e eficaz contra o mal.

Para lerem um resumo da história dele em português, porque eu sei que muitos não lêem inglês, vejam


Para assinarem a petição – eu peço por favor a todos os que me lêem, apelo à bondade de coração de todos –


Vamos dar uma segunda oportunidade a um ser humano concreto – não a todos em abstracto. Peça clemência para este jovem, por favor. Se não o fizerem por ele, façam-no por mim.

O blog católico dos amigos dele:


Desconfio que, até dia 26, altura em que saberemos a decisão final, a Teresa Moreno não vai conseguir dormir mais nem uma única noite sequer.

Sabem, posso estar errada, mas gosto de ser assim, sou feliz assim. Acho que o amor verdadeiro, amar sem medida, até quem não conhecemos, nunca vimos a cara, nunca contactámos nem sequer por e-mail, é algo lindo que nos ensina a ser – ou pelo menos a tentar ser – pessoas melhores. Agradeço muito a Deus por me ter posto no coração um amor tão grande a todos os seres humanos, sobretudo aos mais fragilizados e marginalizados. Não estou aqui a fazer-me de ‘boazinha’ ou a vangloriar-me; humanamente falando, ninguém consegue ser assim, sentir assim, pensar assim. A nossa inclinação natural, que vem da nossa natureza caída pelo pecado, é sempre para o mal, para o ódio, para a violência, para a ‘justiça’. Mas o amor de Deus, que nos sustenta e não nos deixa cair na baixeza das nossas paixões desordenadas, leva-nos a uma atitude diferente. Se sou tão amada por Deus, isso impele-me a amar sem medida os outros. É uma relação de causa e efeito.

Então, mesmo correndo o risco de ser ridícula, patética, sensacionalista, sentimentalista – como já me chamaram alguns -; e mesmo sabendo que ainda haverão outros com tamanha dureza de coração para criticar tal atitude, venho não pedir, mas implorar que, juntos, salvemos a vida de um ser humano que está às portas da morte. Que vença sempre e em tudo a força regeneradora do amor.

Assinem!!! Mais que não seja porque já disse que não quero os presentes de Natal e aniversário: aproveitem! Rs

A sério, embora eu seja contra a pena capital, este caso concreto impressionou-me muito, de um modo especial. A campanha está a correr o mundo, muitos governantes de vários países já assinaram.

Assinem por favor. Só temos até Quinta 26, para impedir que um jovem - mais novo que eu... - passe pelos corredores da morte.

Seja contra ou a favor da pena para casos graves, peça clemência para um ser humano concreto, um jovem que nunca matou. Por favor!!!

20 de Agosto - Dia de S. Bernardo de Claraval, doutor da Igreja


"Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus".

S. Bernardo de Claraval, ora pro nobis!

Breves recomendações


Bem, quero simplesmente fazer duas breves recomendações de textos e blogs. Creio que fariam muito bem os que os acompanhassem com relativa frequência.

Primeiramente, quero dizer que realmente ficou muito bom o texto do Prof. Angueth em defesa da Igreja contra os argumentos repisados de um protestante. Os comentários também... Leiam!
Embora eu destaque esta postagem em particular, as demais não são de menor nível. Os poucos que ainda não conhecem, apressem-se. Rs...

Outro blog que eu recomendo vivamente, já pela segunda vez, é o excelente A Grande Guerra. São textos profundíssimos da correta espiritualidade católica. Os posts de receita eu não aproveito muito.....rs.

Enfim, dêem uma visitada... Valem muito a pena.

Fábio.

O papel da Filosofia e a idéia de Destino


A filosofia é, essencialmente, uma resposta ao problema da vida. O homem ocupa o lugar central na órbita da criação. Ele, porém, depende intrinsecamente em seu ser de Deus criador, e d'Ele depende como ser moral.

Não é o homem, apenas, um ser físico; o elemento fisico é nele a envoltura corporal de uma alma com destino eterno. Neste destino não está só; sendo criatura e filho de Deus com os demais homens, tem com eles uma comunidade de destino.

A noção de destino é algo essencial para a ordenação da vida humana; privado do seu destino, o homem desintegra-se, dissolve-se numa pluralidade de atos, fica apenas como "ser para a morte", na angustiada expressão do existencialismo heideggeriano.

O destino, a consciência de sentir-se espiritual e imortal, ordenado a outra existência mais valiosa, reduz à unidade todos os atos humanos integrando-os numa síntese superior. É esta idéia que penetra e sustenta ao homem cristão, e é graças a esta consciência do destino que tinge de sentido humano e valoriza até os atos mais humildes; e deles faz atos humanos e meritórios de altíssimo valor. Pelo contrário, quando o homem não ajusta sua vida à moral, afasta-se de seu destino eterno e desaparece aquela ordenação dos seus atos que orientam sua vida.

Perdida a unidade de referência, que só o destino dá, e que unifica os atos do homem, este se desumaniza, se desmoraliza, e esta situação repercute gravemente em suas atitudes para com seus semelhantes.

Mas a imortalidade e o destino do homem só são compreensíveis dentro da doutrina que, acerca de Deus, trouxe a mensagem cristã.

Os antigos filósofos não lograram um conceito claro de um Deus pessoal, transcendente e criador. Isto é levado do Cristianismo que à idéia de Deus criador acresce a da Providência - em sentido mui diferente dos estóicos - e ainda ensina que Ele se identifica com o amor. Idéias luminosas que esclarecem toda a vida humana.

Emílio Silva de Castro, Filosofias da Hora e Filosofia Perene.

Joseph Ratzinger sobre S. Josemaria Escrivá, Opus Dei, Virtudes Heróicas e Chamada Universal à Santidade


Sempre me chamou a atenção o sentido que Josemaría Escrivá dava ao nome Opus Dei; uma interpretação que poderíamos chamar biográfica e que permite entender o fundador e a sua fisionomia espiritual. Escrivá sabia que devia fundar algo e, ao mesmo tempo, estava convencido de que esse algo não era obra sua; ele não havia inventado nada: simplesmente o Senhor se tinha servido dele e, em consequência, aquilo não era obra sua, mas a Obra de Deus.

Deus não se retirou da Criação

Ao considerar esta atitude, vêm-me à cabeça as palavras do Senhor recolhidas no evangelho de São João: "Meu Pai opera sempre" (Jo 5,17). São palavras pronunciadas por Cristo durante uma discussão com alguns especialistas em religião que não queriam reconhecer que Deus pode trabalhar no dia de sábado. Um debate ainda aberto e atual, de certo modo, entre os homens - também entre os cristãos - do nosso tempo. Alguns pensam que Deus, depois da Criação, se "retirou" e já não tem nenhum interesse pelos nossos assuntos de cada dia.

De acordo com esse modo de pensar, Deus não poderia intervir na trama da nossa vida cotidiana; no entanto, as palavras de Jesus Cristo indicam-nos precisamente o contrário. Um homem aberto à presença de Deus percebe que Deus trabalha sempre e que também atua hoje; por isso devemos deixar que Ele entre e atue em nós. É assim que nascem as coisas que descortinam o futuro e que renovam a humanidade.

Tudo isto nos ajuda a compreender por que Josemaria Escrivá não se considerava "fundador" de nada, e porque se via somente como um homem que quer cumprir uma vontade de Deus, secundar essa ação, a obra - com efeito - de Deus. Neste sentido, para mim é de grande importância o teocentrismo de Escrivá de Balaguer: é coerente com as palavras de Jesus essa sua confiança em que Deus não se retirou do mundo, porque está atuando constantemente; e que nos cabe apenas pôr-nos à sua disposição, estar disponíveis, sendo capazes de responder à sua chamada. É uma mensagem que ajuda também a superar aquilo que se pode chamar a grande tentação do nosso tempo: a pretensão de pensar que, depois do big bang, Deus se retirou da história. A ação de Deus não "parou" no momento do big bang, mas continua no transcorrer do tempo, tanto no mundo da natureza como no dos homens.

Como um amigo com seu amigo

O fundador da Obra dizia: eu não inventei nada; foi Outro quem fez tudo; eu procurei estar disponível e servi-lo como instrumento. A palavra e toda a realidade que chamamos Opus Dei está profundamente ligada à vida do fundador que, mesmo procurando ser muito discreto neste ponto, deu a entender que permanecia em diálogo constante, em contacto real com Aquele que nos criou e trabalha por nós e conosco.

Diz-se de Moisés, no livro do Êxodo (33,11), que Deus falava com ele "cara a cara, como um amigo fala com o amigo". Parece-me que, apesar de o véu da discrição esconder alguns pequenos sinais, há fundamento suficiente para poder aplicar muito bem a Josemaria Escrivá a expressão "falar como um amigo fala com o seu amigo", que abre as portas do mundo para que Deus possa fazer-se presente, atuar e transformar todas as coisas.

Sob esta perspectiva compreende-se melhor o que significa santidade e vocação universal para a santidade. Conhecendo um pouco da história dos santos, sabemos que nos processos de canonização se procura a virtude "heróica", podemos ter, quase inevitavelmente, um conceito equivocado da santidade, porque tendemos a pensar: "Isso não é para mim"; "eu não me sinto capaz de praticar virtudes heróicas"; "é um ideal alto demais para mim". Se assim fosse, a santidade estaria reservada a alguns "grandes" cujas imagens vemos nos altares e que são muito diferentes de nós, comuns pecadores. Esta seria uma idéia totalmente equivocada da santidade, uma concepção errônea que foi corrigida - e isto me parece um ponto central - precisamente por Josemaria Escrivá.

Virtude heróica não quer dizer que o santo seja uma espécie de "ginasta" da santidade, que consegue fazer uns exercícios inexequíveis para as pessoas normais. Quer dizer, pelo contrário, que na vida de um homem se revela a presença de Deus, e fica mais patente tudo o que o homem não é capaz de fazer por si mesmo. Talvez, no fundo, se trate de uma questão terminológica, porque o adjetivo "heróico" foi com frequência mal interpretado. Virtude heróica não significa propriamente que alguém faz coisas grandes por suas próprias forças, mas que na sua vida aparecem realidades que não foi ele quem fez, porque ele só esteve disponível para deixar que Deus atuasse. Em outras palavras, ser santo não é senão falar com Deus como um amigo fala com o amigo. Isto é a santidade.

Quem está nas mãos de Deus, cai sempre nas mãos de Deus

Ser santo não significa ser superior aos outros; pelo contrário, o santo pode ser muito fraco e ter numerosos erros na sua vida. A santidade é o contacto profundo com Deus: é fazer-se amigo de Deus, deixar que o Outro trabalhe, o Único que pode fazer realmente com que este mundo seja bom e feliz. Quando Josemaria Escrivá diz que todos os homens são chamados a ser santos, parece-me que no fundo se está refereindo à sua experiência pessoal, porque nunca fez por si mesmo coisas incríveis, mas se limitou a deixar Deus agir.

E por isso nasceu uma grande renovação, uma força de bem no mundo, ainda que todas as debilidades humanas permaneçam presentes. Verdadeiramente todos somos capazes, todos somos chamados a brir-nos a essa amizade com Deus, a não nos soltarmos das suas mãos, a não nos cansarmos de voltar uma vez e outra ao Senhor, falando com Ele como se fala com um amigo e sabendo, com certeza, que o Senhor é o verdadeiro amigo de todos, também dos que não são capazes de fazer por si mesmos coisas grandes.

Por tudo isto compreendi melhor a fisionomia do Opus Dei: a forte conexão que existe entre uma absoluta fidelidade à grande tradição da Igreja, à sua fé, com desarnante simplicidade, e a abertura incondicional a todos os desafios deste mundo, seja no âmbito acadêmico, no do trabalho cotidiano, na economia, etc. Quem tem essa vinculação com Deus, quem mantém essa conversa ininterrupta com Ele, pode atrever-se a responder a novos desafios, e não tem medo; porque quem está nas mãos de Deus, cai sempre nas mãos de Deus. É assim que desaparece todo o medo e nasce a valentia de responder aos desafios do mundo hoje.

Joseph Ratzinger, Homilias Sobre os Santos.

O Dragão é a Dilma!


Estava numa homilia falando da astúcia de Satanás, como ele persegue a Igreja, restringe a liberdade, promove o aborto, favorece a corrupção, engana os homens,  promove a mentira, desobedece as leis, enfraquece as instituições, degrada a família, estimula o comunismo, muda de discurso conforme a ocasião, oprime os pequenos, escraviza o homem, tiraniza o mundo, etc, etc, etc ... num certo momento, disse aquele verso de São Pedro que o Dragão estava em toda a parte, procurando a quem devorar. E usei a seguinte frase: "Inclusive para devorar o Brasil"

Ouvi alguém falar mais alto do que deveria nos bancos

- O Dragão é a Dilma Rousseff !!!

E muitas risadas em volta. Pego de surpresa indo da angelologia à política, eu concordei intimamente, mas não podia falar nada. O que é a política senão a ética aplicada ao coletivo? Continuei meu sermão.

Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai! - Jo 8,44

O descaso com a Santa Missa e a Eucaristia

Uma coisa que me preocupa não de hoje, e que se estende não sei por qual motivo, é a total negligência de padres e bispos no que se refere à recepção da Sagrada Comunhão por parte dos leigos. O negócio é seríssimo. Além do risco de profanação, que infelizmente é uma realidade muitíssimo frequente, há o perigo que tais comunhões profanas representam para as almas que as fazem.

Infelizmente, não se é mais dito que uma alma em pecado mortal não pode comungar. Aliás, muitos já nem sabem o que seja pecado mortal! E no momento de receber Nosso Senhor, lá se vai aquela fila extensa, provavelmente composta de inúmeros desavisados, que não vêem naquilo senão um ritual comum da Igreja Católica, uma mera refeição de um pãozinho branco e sem gosto, no máximo bento, que se é oferecido. Porque não advertem mais aos católicos que quem recebe indignamente o Corpo de Cristo come a própria condenação? Está-se a brincar com as almas?

Ainda ontem eu falava com uma colega; ela estava a divulgar uma tal de "Missa dos Vaqueiros". Fazia-o inocentemente, e como eu a questionasse, terminou por dizer: "se não fosse certo, não seria feito". Esta frase contém, implícita, a confiança natural que uma alma deve ter em um padre. Só que vivemos em tempos difíceis. Uma tal "missa dos vaqueiros", se se propõe em adaptar a Santa Missa aos modos e trejeitos desta classe de pessoas, se torna uma profanação e, como tal, oferece uma idéia errada do Santo Sacrifício de Cristo àquelas pessoas.

Lembremos o que Nosso Senhor nos diz no Evangelho: "Se alguém escandalizar um destes pequeninos, melhor seria que amarrasse uma pedra ao pescoço e se lançasse no rio". A promoção destes "eventos" non sense termina por corromper a Fé de muitos inocentes que, aos poucos, vão substituindo os últimos resquícios de uma visão correta pelas novidades e celebrações "da hora". De Sacrifício, a Missa torna-se mero divertimento. Que tipo de coisa é essa? Duvida alguém que tal empresa proceda do inferno? Alguém põe em questão que tal coisa se assemelha muito mais a uma troça demoníaca?

Estes tipos de deszelo se tornaram, infelizmente, muito frequentes, e os que se desgostam  disso são, simplesmente, perseguidos e difamados. De fundo, parece ficar estampado um terrível pressuposto: a descrença na Presença Real de Cristo, no caráter sacrifical da Santa Missa. É terrível...

Sem dúvida, por estes e outros abusos litúrgicos, provenientes das falsas interpretações do último Concílio, o Mistério da Iniquidade anda de vento em popa. A Missa é o Sol da Igreja. No entanto, há "católicos" que querem eclipsar este sol.

Via da Infância, Seriedade no Estudo e Santidade a partir das honradas tarefas cotidianas


S. Josemaria Escrivá

A vida de oração e de penitência, e a consideração da nossa filiação divina, transformam-nos em cristãos profundamente piedoso, como crianças diante de Deus. A piedade é a virtude dos filhos, e, para que o filho possa confiar-se aos braços de seu pai, deve ser e sentir-se pequeno, necessitado. Tenho meditado com frequência nesta vida de infância espiritual, que não se contrapõe à fortaleza porque exige uma vontade enérgica, uma maturidade bem temperada, um caráter firme e aberto.

Piedosos, pois, como meninos; mas não ignorantes, porque cada um deve esforçar-se, na medida das suas possibilidades, por estudar a fé com seriedade e espírito científico; e tudo isso é teologia. Piedade de meninos, portanto, mas doutrina segura de teólogos.

O empenho por adquirir esta ciência teológica - a boa e firma doutrina cristã - deve-se em primeiro lugar ao desejo de conhecer e amar a Deus. Ao mesmo tempo, é consequência natural da preocupação geral da alma fiel por descobrir o significado mais profundo deste mundo, que é obra do Criador. Com períodica monotonia, há quem procure ressuscitar uma suposta incompatibilidade entre a fé e a ciência, entre a inteligência humana e a Revelação divina. Essa incompatibilidade apenas pode surgir, e só aparentemente, quando não se entendem os dados reais do problema.

Se o mundo saiu das mãos de Deus, se Ele criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma chispa da sua luz, o trabalho da inteligência - mesmo que seja um trabalho duro - deve desentranhar o sentido divino que já naturalmente têm todas as coisas; e à luz da fé, percebemos também o seu sentido sobrenatural, que procede da nossa elevação à ordem da graça. Não podemos admitir o medo à ciência, porque qualquer trabalho, se for verdadeiramente científico, conduz à verdade. E Cristo disse: Ego sum veritas, Eu sou a verdade.

O cristão deve ter fome de saber. Desde o cultivo dos saberes mais abstratos até às habilidades do artesão, tudo pode e deve levar a Deus. Porque não há tarefa humana que não seja santificável, que não seja motivo para a nossa própria santificação e oportunidade para colaborarmos com Deus na santificação dos quenos rodeiam. A luz dos seguidores de Jesus Cristo não deve ficar no fundo do vale, mas no cume da montanha, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5,16).

Trabalhar assim é oração. Estudar assim é oração. Pesquisar assim é oração. Não saímos nunca do mesmo: tudo é oração, tudo pode e deve levar-nos a Deus, alimentar o trato contínuo com Ele, da manhã até à noite. Todo o trabalho honrado pode ser oração; e todo o trabalho que for oração, é apostolado.  Desse modo, a alma se robustece numa unidade de vida simples e forte.

S. Josemaria Escrivá de Balaguer, É Cristo que Passa.

A Virtude da Pobreza e a Virgem Santíssima


Sto Afonso Maria de Ligório

Quem ama as riquezas, dizia São Felipe Neri, não chegará a ser santo. E afirmava Santa Teresa: É claro que vai perdido quem caminha atrás de coisas perdidas. Pelo contrário, dizia a mesma santa que a virtude da pobreza abarca todos os demais bens. Disse: "a virtude da pobreza", que, como diz São Bernardo, não consiste em ser pobre, senão em amar a pobreza. Por isto afirma Jesus Cristo: "Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5,3). Bem aventurados porque não querem outra coisa mais que a Deus e em Deus encontram todo bem e encontram na pobreza seu paraíso na terra, como o entendeu são Francisco ao dizer: "Meu Deus e meu tudo".

Amemos esse bem no qual estão todos os bens, como exorta Santo Agostinho: Ama um bem no qual estão todos os demais. E roguemos ao Senhor com Santo Inácio: Dá-me só teu amor, que se me dás tua graça sou de todo rico. E quando nos aflija a pobreza, consolemo-nos sabendo que Jesus e sua Mãe Santíssima foram pobres como nós. Diz São Boaventura: O pobre pode receber muito consolo com a pobreza de Maria e a de Cristo.

Mãe minha amantíssima, com quanta razão disseste que em Deus estava teu gozo: "E se alegra meu espírito em Deus meu salvador", porque neste mundo não ambicionaste nem amaste outro bem mais que a Deus. Atrai-me após ti. Senhora, desprende-me do mundo e atrai-me a ti para que ame o único que merece ser amado. Amém.

Sto Afonso Maria de Ligório, As Glórias de Maria (Tradução minha do espanhol)

Maria, tu nos roubas os corações! Sto Afonso Maria de Ligório.


Maria, tu nos roubas os corações!

Senhora, que com teu amor e teus benefícios roubas os corações dos teus servos, rouba também meu pobre coração que tanto deseja amar-te. Com tua beleza enamoraste a Deus e O atraíste a teu seio.Viverei sem amar-te, minha Mãe? Não quero descansar até estar certo de haver conseguido teu amor, mas um amor constante e terno por ti, Mãe minha,  que tão ternamente me tens amado ainda quando eu era tão ingrato.

Que seria de mim, Maria, se tu não me houvesses amado e impetrado tantas misericórdias? Se tanto me tens amado quando não te amava, quanto confio em tua bondade, agora que te amo.

Te amo, Mãe minha, e quisera um grande coração que te amaria por todos os infelizes que não te amam. Quisera uma língua que pudesse louvar-te por mil, e dar a conhecer a todos a tua grandeza, tua santidade, tua misericórdia e o amor com que amas aos que te querem.

Se tivesse riquezas, todas queria gastá-las em honrar-te. Se tivesse vassalos, a todos os faria teus amantes. Queria, enfim, se falta fizesse, dar por ti e por tua glória até a vida.

Te amo, minha Mãe, mas ao mesmo tempo temo não amar-te como devera,  porque ouço dizer que o amor faz, aos que se amam, semelhantes. E se eu sou de ti tão diferente, triste sinal será de que não te amo.

Tu tão pura e eu tão sujo!
Tu tão humilde e eu tão soberbo!
Tu tão santa e eu tão pecador!

Mas isto tu podes remediar, Maria. Faz-me semelhante a ti pois que me amas. Tu és poderosa para mudar corações; toma o meu e transforma-o. Que veja o mundo o quão poderosa que és em favor daqueles que te amam. Faz-me digno de teu Filho, faz-me santo.

Assim o espero, assim seja.

Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria. (Tradução minha do espanhol).

Deus Pai fala sobre a Eucaristia e o modo de recebê-La.


Afirmei que o corpo do meu Filho é um sol. Um sol indivisível: onde está o corpo, aí se encontra o sangue; onde estão o corpo e o sangue, aí se acha a alma de Cristo; e onde estão o corpo e a alma, aíse encontra a divindade. A natureza divina de Cristo jamais abandonou a natureza humana; nem a morte os separou. Desse modo, é toda a essência divina que recebeis nesse dulcíssimo sacramento, sob as espécies do pão. Como o sol não pode ser desintegrado, da mesma forma não se divide o todo-Homem e todo-Deus na brancura da hóstia. Suponhamos que a partícula seja subdividida; mesmo que se obtenham milhões de pedacinhos, em cada um deles está o todo-Homem e todo Deus. Como acontece num espelho quebrado, no qual a imagem quebrada se mostra inteira, assim o todo-Homem e o todo-Deus está todo em cada parte da hóstia.

Igualmente ele não diminui, à semelhança da chama no exemplo que segue: se tivesses uma labareda e todos os homens se reunissem para nela acender alguma coisa, ela não diminuiria e todos a teriam por inteira. Certamente um levaria consigo mais que o outro, conforme a matéria inflamável que trouxesse. Para entenderes, cito outro exemplo: suponhamos que tais pessoas tragam diversos tipos de vela: umas de cinco centímetros, outras de dez, outras de trinta e, finalmente, outras de um metro. Todos vão à labareda e acendem suas velas. Cada um terá uma labareda completa, com seu calor, sua claridade, sua luz. No entanto, dirás que o portador da vela de cinco centímetros levou uma labareda menor do que o dono da vela de um metro. O mesmo acontece com as pessoas que recebem o sacramento eucarístico, ao se apresentarem com a "vela" do desejo santo, pelo qual comungam. Aproximam-se com suas velas apagadas e as acendem neste sacramento. Disse "apagadas", porque de vós mesmos, nada sois; quanto à matéria que haveis de inflamar nesta luz, sou eu que vo-la dou: é o amor!

Santa Catarina de Sena, O Diálogo .

Dom Manoel Pestana sobre a TV no Brasil

"A televisão brasileira é a mais corruptora do mundo. Dom Lucas Moreira Alves viajou pelo mundo todo, conhece a televisão de 60 países, e garante que nunca viu televisão mais podre do que a nossa. É uma verdadeira escola de prostituição. Às sete, oito da noite, quando as crianças ainda estão na sala, liga-se a televisão e a sala de visitas se transforma num prostíbulo. A televisão brasileira é um curso acelerado de prostituição. Duvido que um pai de família tenha coragem de folhear uma revista pornográfica junto com suas filha de sete, oito anos. No entanto, esse mesmo pai de família assiste telenovelas que mostram essa mesma pornografia, só que não apenas graficamente, mas ao vivo, o que é muito pior."

Dom Manoel Pestana aos bispos do Brasil


Reproduzo com muito gosto estas palavras de Dom Manoel Pestana aos bispos do Brasil que li no blog do Everth. Abaixo, todo o post a fim de divulgar também o primeiro blog a disponibilizar o texto.

**
As seguintes palavras de Dom Manoel Pestana foram divulgadas pelo pe. Luís Carlos Lodi, do Pró-Vida de Anápolis, e transcritas no blog O Possível e O Extraordinário, do Wagner Moura.

Anápolis, 11 de agosto de 2010

Caros irmãos no Episcopado,

Suportem-me, que o menor dos irmãos lhes possa dirigir uma palavrinha amiga, mas angustiada de quem se prepara, temeroso, para partir.

Pelo amor de Deus! Estamos diante de uma situação humanamente irreversível. A América Latina, outrora “Continente da Esperança”, como a saudava João Paulo II, hoje mergulha na ante-câmara do terrorismo vermelho, aliás, como prenunciava aos pastorinhos de Fátima a Senhora do Rosário.

Podem parecer, a essa altura, resquícios de uma idade de trevas, mas tudo acontece como se ouviu em dezembro de 1917 (“a Rússia comunista espalhará seus erros pelo mundo, com perseguições à Igreja, etc.”). Assusta-me a corrupção dentro da Igreja, o desmantelamento dos seminários, a maçonização de Cúrias e Movimentos.
Horroriza-me a frieza com que olhamos tal estado de coisas. Somos pastores ou cães voltados contra as ovelhas? Somos ou não, alem disso, cúmplices de uma política atéia empenhada em apagar os últimos traços da nossa vida cristã?

Perdoem-me, mas não poderia deixar de falar, sem me sentir infiel à minha consciência e à minha Igreja.

Parabéns a Dom Luiz Gonzaga Bergonzini e a Dom Henrique Soares da Costa.
In Xto et Matre,
Dom Manoel Pestana Filho
Para conhecer mais o pensamento desse grande homem, confira a entrevista que o bispo emérito de Anápolis deu ao Jornal Opção, e que foi transcrita pelo Demerval Junior, em seu blog.

O lugar próprio do Gregoriano é a Liturgia


Desenterro uma entrevista antiga, de 2005, com o Monsenhor Valenti Miserachs Grau, então presidente do Pontifício Instituto de Música Sacra, onde ele defende o evidente: a necessidade de que o Canto Gregoriano volte a protagonizar a Liturgia e que o latim seja revalorizado. Abaixo, alguns excertos...

**

"há uma opinião generalizada que coincide na necessidade de recuperar o latim e o canto gregoriano, que é o canto próprio da Igreja. O gregoriano foi abandonado e deixado em shows e Cd´s, quando seu lugar próprio era, é, a liturgia."

"Eu penso que os novos produtos musicais, na maioria dos casos, não souberam ou não puderam enraizar-se na irrenunciável tradição da Igreja, acarretando um empobrecimento geral. É incompreensível que especialmente nos países latinos se tenha deixado de lado o latim e o canto gregoriano nos últimos quarenta anos.

O latim e o canto gregoriano formam parte da tradição e foram amputados. É como cortar as raízes, agora que se fala tanto de raízes.

Esquecendo o gregoriano, criaram-se as condições para que proliferem novos produtos musicais que às vezes não têm a qualidade técnica suficiente. Se a têm, podem estar ao lado do gregoriano, por que não?"


Perguntado sobre o motivo pelo qual não se valoriza a capacidade dos fiéis de aprenderem melodias em latim, respondeu:

"Pensou-se que eram incapazes e isto é falso. As pessoas antes sabiam cantar em latim os cantos básicos, hoje parece que se fazem esforços para que desaprendam o que já sabiam. (...)

Ao povo, se convidado, é dada a partitura e é formado, portanto é totalmente capaz de seguir e cantar melodias gregorianas fáceis, ainda que seja a primeira vez que as ouve.

E assim como se aprende a cantar o repertório gregoriano, também se podem aprender os cantos nas línguas vivas, os que sejam dignos de estar ao lado do repertório gregoriano, claro está."


Interrogado sobre se se presta suficiente atenção à questão da música sacra na Igreja, respondeu:

"Não. Há tempo que se está insistindo neste ponto. Nosso instituto faz seu trabalho, mas é uma instituição acadêmica, não normativa, e não tem competências neste sentido. É necessária uma entidade vaticana que vele diretamente pela música sagrada, é uma necessidade.

João Paulo II recordou que o aspecto musical das celebrações litúrgicas não se pode deixar à improvisação ou ao livre arbítrio das pessoas, mas se deve confiar a uma direção concertada e ao respeito das normas. Esperam-se indicações autorizadas, e isto compete à Igreja de Roma, à Santa Sé."

Fonte: Zenit.

Tomismo: A filosofia do Ser e da Verdade


“A todos quantos agora sentem sede da verdade, dizemos-lhes: ide a Tomás de Aquino” 
(Papa Pio XI)

Dom. Odilão Moura, O.S.B.

Qual a nota fundamental da filosofia de S. Tomás? - É ser ela "realista". Parte o Tomismo da realidade das coisas, não de idéias imaginadas pelo filósofo que delas conclui todo um sistema coordenado de teses. Origina-se o Tomismo da percepção sensível do mundo, para, após, dela tirar, no plano abstrativo da inteligência, todo um conjunto consequente e harmonioso de teses. Bem define a filosofia de S. Tomás o Pontífice Leão XIII, quando escreve na genial Encíclica Aeterni Patris: "O Doutor Angélico buscou as conclusões filosóficas nas razões principais das coisas, que têm grandíssima extensão e conservam em seu seio o germe de quase infinitas verdades, para serem desenvolvidas em tempo oportuno e com abundantíssimo fruto pelos mestres dos tempos posteriores."
(Leão XIII, Enc. Aeterni Patris (04/08/1879) nº 22)

"As razões principais das coisas", eis o ponto de partida do Tomismo. Das coisas existentes, apreendidas pelos sentidos, conceituadas, após, pela inteligência, sobe S. Tomás até as explicações últimas das mesmas. E é subindo das percepções mais primitivas das coisas que S. Tomás chega à certeza do supremo Criador delas. Vindo das mudanças das coisas, da causalidade existente entre elas, da contingência, das perfeições, e da ordem harmoniosa das mesmas, pelo caminho das cinco vias, é que o Angélico atinge a sublimidade, a suma perfeição, o ato puro, de Deus. Conhece assim a última explicação das coisas que está em Deus.

Por isso o realismo tomista é a filosofia do ser e a filosofia da verdade. A verdade é a obsessão de S. Tomás, justamente porque a verdade é a correspondência da mente com as coisas. Em primeiro lugar, as coisas; depois, a mente. Em primeiro lugar, o objeto; depois, o sujeito. Do conúbio sujeito-objeto nasce a harmoniosa construção tomista. Repugna-lhe toda doutrina subjetivista. O realismo tomista tem os pés no chão. Foge dos devaneios, por vezes atraentes, das filosofias que partem da negação da "coisa espiritual" e reduzem as coisas ao mundo corpóreo. Evidentemente, como não pode haver concordância do Tomismo com tais filosofias, não pode haver também concordância com o materialismo.

Embora o Tomismo puro negue todas essas filosofias, contudo, havendo nelas algum elemento de verdade, assume-o S. Tomás. O Tomismo, por isso, é eminentemente crítico. A verdade é de todos, e o Angélico escreve que "toda verdade, dita por quem quer que seja, vem do Espírito Santo", e diante das diversas opiniões dos filósofos: "não olhes por quem são ditas, mas o que dizem". O critério supremo do Tomismo é a verdade imparcialmente aceita e proposta. Escreve S. Tomás: "O estudo da filosofia não é para se saber o que os homens pensaram, mas para que se manifeste a verdade" (De Coelo et Mundo, I, 22). Naturalmente decorre da filosfia da verdade ser ela "a filosofia do ser". O ato de ser é o fundamento primeiro das coisas e a última determinação da perfeição das mesmas. A noção do ser é a primeira que afeta a nossa inteligência, e perpassa todos os nossos conhecimentos. O ser é a própria natureza de Deus, isto é, sabemos certa e logicamente que Deus é. Todavia, conhecemo-lo por analogia, não de modo unívoco. Se o Tomismo admite entes de razão, cuja realidade objetiva está tão somente na inteligência, os seres de razão nada mais são que idéias formuladas pela razão, para que melhor se atinja a realidade existencial das coisas. Somente em Deus o ser atinge a sua suprema perfeição. Deus une todas as perfeições na infinitude de um ser que vem de si mesmo e que desconhece mudanças e sucessão. Deus é o ser de ato puro destituído de qualquer imperfeição ou potência - a perfeita posse e simultânea de todas as perfeições: é o ser eterno (Boécio).

O Papa Paulo VI com felicidade descreve a filosofia tomista como abrangendo o Ser "quanto no seu valor universal, quanto nas suas condições essenciais". Ao que João Paulo II acrescenta em belos termos que "esta filosofia poderia ser chamada filosofia da proclamação do ser, o canto em honra daquilo que existe".

D. Odilão Moura, O.S.B, Os Princípios da Filosofia de Sto Tomás de Aquino, Introdução do Tradutor.

Parabéns a todos os estudantes!


Hoje é dia dos estudantes e gostaria de felicitar a este grupo que, na verdade, nos inclui a todos, pois todos estamos constantemente aprendendo. Esta abertura ao aprendizado, convicção socrática de que sabemos que não sabemos muito, é uma atitude que nos impele ao crescimento intelectual, pois nos vacina contra a soberba, e nos injeta humildade.

Lembremos, meus caros, que, como dizia Sto Tomás, estudamos para conhecer a verdade, e não somente o que pensaram os outros homens. Não estudamos para aderir a teorias rebuscadas e falsas, mas para aprender o que é correto. E este aprendizado deve contribuir para o fim último de nossas vidas, que é a nossa beatitude em Deus.

E por falar de humildade, hoje também é dia de Santa Clara que, como diz uma bela canção, foi clara de nome e de coração. E isto me faz lembrar uma expressão comumente usada pelo saudoso professor Orlando Fedeli, retirada da Divina Comédia de Dante: "com olhos claros e afeto puro". Nós, estudantes, precisamos ter os olhos claros para enxergar a verdade e o afeto puro para abraçá-la. Sta Clara destacou-se, sobretudo, pela sua adesão àquela que Francisco chamava "Senhora Pobreza". Se a soberba nos afasta radicalmente de Deus, a pobreza nos atrai irresistivelmente a Ele, que é a Suma Verdade. Daí que a pobreza dispõe a alma humana à união com a Verdade, pois os pobres são aqueles que contemplam a Deus, e são os que têm os olhos claros e o afeto puro.

Que Deus nos conceda sempre um amor apaixonado pela verdade, e uma profunda humildade para bem servi-Lo e para bem estudar.

A todos estes que labutam em busca da verdade, feliz dia dos estudantes. Que a Virgem Santíssima, que guardou a própria Verdade em Seu seio, nos ensine também a fazê-lo.

Pax.

Fábio.
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