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60 mil preservativos enviados ao Papa

O Papa Bento XVI vai receber por correio, a 1 de Abril, mais de 60 mil preservativos, como forma de protesto pelas suas declarações contra o uso do preservativo para combater a sida em África.

Na sua primeira visita ao continente africano, e quando ia a caminho dos Camarões, Bento XVI defendeu que a solução para o flagelo da sida não passa pela distribuição de preservativos. "Não se pode resolver o problema da sida com a distribuição de preservativos, pelo contrário, a sua utilização agrava o problema."

Revoltados com as declarações do Papa, um grupo de italianos lançou um apelo no Facebook, que, rapidamente, se alastrou ao Mundo – cada pessoa deve enviar um preservativo. A estimativa inicial de 60 mil preservativos pode chegar aos milhões depois de outras redes semelhantes ao Facebook terem também manifestado vontade em participar.

Os preservativos devem ser enviados para a Prefeitura da Casa Pontifícia, na Cidade do Vaticano. Já há aderentes em França, Reino Unido, Alemanha, Áustria e Bulgária.

Os organizadores pretendem que o gesto seja "uma provocação pacífica dos mais jovens, que são provavelmente os mais afectados com o problema das doenças sexualmente transmissíveis".

Curiosamente, no dia em que ficou conhecida este frente contra as declarações do Papa, o bispo de Viseu, Ilídio Leandro, veio a público defender o uso do preservativo por pessoas portadoras do vírus da sida, como forma de impedir a propagação da doença.

Cristina Serra

Fonte de texto e imagem: http://www.correiomanha.pt/

Superstição


Prof. Dr. Paulo Faitanin/ Dept. Filosofia - UFF

A superstição é a mais efetiva manifestação de falta de fé, de uma não vida na graça e de uma profunda incompreensão da misericórdia divina. Recorrer a outros elementos infinitamente inferiores ao poder de Deus para buscar a compreensão ou conquista de algo é o maior sinal de incompreensão do amor de Deus por nós, por cujo amor é capaz de fazer-se pequeno para compreender nossas limitações: a misericórdia. A superstição tem a ver diretamente com um vício que se opõe à virtude que nos faz reconhecer e unir a Deus: a religião.

A religião é virtude moral. O vício se opõe à virtude por excesso ou por defeito. A superstição é um vício oposto à religião, por excesso, não porque apresente mais ao culto divino que a verdadeira religião, mas porque presta culto divino ou a quem não deve ou do modo que não deve [STh.II-II,q92,a1,c].

Entrevista com Benício Del Toro

A apresentadora Marlen Gonzalez entrevista o ator Benício Del Toro, protagonista do filme sobre o assassino Che Guevara, e o deixa sem palavras... No final, lhe presenteia com um livro, para que estude mais sobre o assunto.... kkk. Imperdível! (Em espanhol).



A Santíssima Trindade reverbera em nossas almas


Respondamos ao seu Chamado

Hoje em dia são pouquíssimos os casos em que encontramos cristãos em cujo ser ecoa uma música mais ou menos assim “Estou pensando em Deus, estou pensando no Amor.” É muito mais fácil encontrarmos cristão que ao buscarem rezar escutem ecoar em suas almas “Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais te procurava”. Podemos encontrar estas pessoas indo sempre à Santa Missa, em grupos de oração, estando à frente em eventos paroquiais, mas estes não possuem uma intimidade com Deus, não cultivam uma conversão diária; quando seguem rumo ao confessionário não vão contritos, vão porque sabem que pecaram e devem se confessar, mas não possuem neste momento uma decisão ou disposição em buscar não mais pecar, “Sou pecador frágil, logo cairei neste mesmo pecado”. Logo notamos, meus irmãos, que não deve ser bem assim.

Tudo isso é fruto de o homem ter se distanciado de Deus ao ponto de esquecê-Lo, literalmente não pensar nEle; no meio dos cristãos não encontramos com facilidade diálogos que nos aproximam de Deus como fé, moral, caridade, espiritualidade, doutrina da Igreja, etc. Muitos cristãos deixaram de pensar em Deus, deixaram conseqüentemente assim de falar, de pensar na Santíssima Trindade. Um só fala com Deus Pai, outro só com Jesus, e outro só com o Espírito Santo.

Caríssimos, nós como Cristãos Católicos Apostólicos Romanos, devemos ter nossa espiritualidade fundamentada na Santíssima Trindade; em si ela deve ser puramente “trinitária”, e devemos cultivar o pensamento nela. Pouquíssimos buscam alcançar o inalcançável que se deixa tocar, pois perderam a sede, se embotaram, se encontram envoltos em uma crosta de “mornidão crônica”.

Deixaram de pensar em Deus... Quem possui dentro de si um tesouro tão precioso e inigualável como a Santíssima Trindade, deve pensar nele muitas vezes. O ato de pensar em Deus já pode ser considerado um ato orante, que interliga nosso intelecto, nossa memória à nossa alma. Assim como um enamorado pensa em sua amada e se vê frágil, pequenino, sem forças para viver longe dela, assim a alma amada deve pensar em Deus, seu único e eterno Amado, assim como cantamos no salmo 56(57) “Vai-se a treva, fugindo da aurora, e do dia se espalha o clarão. Nova força também nos desperta ... desperta, minh'alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora!

Este pensar, este orar, faz brotar do profundo da alma três sentimentos principais: a adoração, o amor e a imitação.

O primeiro sentimento que brota como que espontaneamente do coração é o da adoração. A alma se sente impelida a adorar e glorificar a Deus, “Porque fostes comprados por alto preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.” (I Cor. VI, 20 ) Podemos notar isso claramente quando a Santíssima Virgem Maria recebeu em seu seio o Verbo Encarnado: a sua vida, desde então, não foi mais que um ato perpétuo de adoração e reconhecimento (Lc. I 46-49).

Depois de ter descoberto o seu nada ao adorar a Deus, a alma deixa-se levar aos sentimentos do Amor mais repassado de confiança. É um Amor penitente, que expia as nossas tão numerosas faltas do passado e do presente; é um Amor reconhecido, pois nos leva a dar graças a este bondoso benfeitor, é um Amor acima de tudo amigo, que nos conservará junto a Ele e nos ensinará a abraçar todos os seus interesses, e por tão generoso que é, leva do esquecimento de si mesmo até a renuncia à vontade própria, pela submissão aos preceitos e conselhos divinos.

Este Amor leva-nos à imitação da adorável Santíssima Trindade. Todos os ensinamentos que Cristo proferiu provêm da Santíssima Trindade e seu destino é seu retorno a Ela. Assim podemos dizer que quando Cristo nos quer propor um ideal de perfeição, não o vai buscar fora da Santíssima Trindade. “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mt V, 48). Quando nos instruiu sobre a caridade fraterna, o modelo foi Ela. “Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo XVII, 21).

Para concluir, podemos dizer que para uma vida, uma oração ser considerada cristã, ela deve ser profundamente “trinitária”, possuir a Santíssima Trindade em seu foco, numa união íntima, afetuosa e santificante, que nos conserve no sentido da religião, no Amor e no sacrifício.

Paz e Bem

Breno Kennedy

Católicos... cada vez mais sozinhos...


Basta ligar a TV uns 15 minutos ou dar uma olhada por sites e blogs na internet, para percebermos que, de fato, nós, católicos, temos nos tornado insuportáveis aos olhos do mundo. O mundo medíocre e sem consistência não consegue aceitar a existência de pessoas cujos valores se elevem ao grau de absoluto e cuja intransigência heróica no campo da verdade denuncie a fraqueza dos ideais modernos que a massa irrefletida teima em seguir, deixando-se guiar, não pela razão, mas pela escravidão dos sentidos, vivendo em busca de prazer e se refugiando no mundo das opiniões, como se o fator quantidade fosse o critério para se definir qualquer verdade. É o mundo dos hedonistas e dos relativistas e subjetivistas, porcos que, uma vez que se lambuzem na lama das trevas e da mentira, tornam-se incapazes de erguer o olhar às coisas celestes e, naturalmente, se insurgem contra qualquer um que fale delas.

O ódio das massas, das opiniões desesperadas carentes de fundamento, a total falta de honestidade e do mínimo rigor no campo dos argumentos, leva-os a detestar a verdade, porque as trevas sempre detestaram a luz e não pode haver consórcio algum entre elas. Isto não nos deve amedrontar, pois é o cumprimento daquilo que Nosso Senhor nos disse: “se o mundo vos odeia, sabei que Me odiou antes que a vós”. A verdade que defendemos e que amamos é Alguém (Eu sou a Verdade) e a intransigência com relação a esta Verdade identifica-se com a fidelidade a Deus Nosso Senhor. Munidos de Sua força, de Seu zelo, de Sua sabedoria, nós também nos tornamos vencedores do mundo, pois Ele venceu o mundo e nos concede fazê-lo. Portanto, não temamos... Perseveremos nesta aventura de ser mal vistos, de ser xingados, de ser caluniados por amor ao santo Mestre. Cristo mesmo nos conforta: “felizes sois vós quando vos injuriarem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós... grande será a vossa alegria”. Devemos imitar os Apóstolos que, uma vez chicoteados, se alegraram por terem sido considerados dignos de sofrer pelo Filho Unigênito de Deus. Basta um de nós, desde que estejamos com o Cristo, para vencer o mundo e suas falácias. Contudo, se nos unimos, então o mundo é que deve tremer, porque estão de pé e prontos para a batalha os Soldados de Cristo, e a arma que portamos é a Santa Cruz, escândalo para o mundo, mas Sabedoria e Força de Deus para nós.

Uma coisa, porém, que pode nos entristecer um pouco é o fato de que os que se opõem ao Santo Evangelho não estão somente fora da Santa Igreja. Há muitos verdadeiros inimigos da Cruz de Cristo que se dizem católicos e utilizam suas forças para macular a Amada Esposa de Nosso Senhor. Hipócritas, hereges, lobos em pele de cordeiro... usam a estratégia do seu pai, o demônio, que é a mentira, a calúnia, a dissimulação e a cegueira espiritual em função da comodidade e do prazer desenfreado dos sentidos. Rezemos para que a espada da Verdade os penetre e arranque as raízes do mal de suas almas. Que a mesma Luz que iluminou S. Paulo incida sobre eles e que vejam, e conheçam a Verdade e que Ela os liberte.

A nossa aventura é belíssima. Tempos difíceis são os nossos, mas isso significa que temos uma maior necessidade de santos, de homens da Verdade, de soldados do Cristo, a fim de que combatendo, vençamos as trevas com suas mentiras e sofismas e, como luzeiros, levemos a Luz de Cristo a esta sociedade perversa e maliciosa.

Crux in Corde, Corde in Crux

Fábio Luciano

Marxismo e Cristianismo

Como situar a relação entre cristianismo e marxismo? Mais exatamente o cristão pode colaborar com os marxistas na luta político-social?

Já mencionamos que o ateísmo não é de forma alguma um apêndice ou elemento adventício no marxismo, mas antes uma das idéias principais, até mesmo a inspiração profunda do sistema. Isso é dito de forma claríssima pelos intérpretes mais que autorizados do pensamento marxista, como A. Cornu, etc. Pode-se mesmo dizer que a crítica marxista da religião não é tão somente um corolário da crítica do liberalismo econômico contida em “O Capital” (como acreditam tolamente muitos cristãos de nosso país), mas é justamente o contrário que é verdadeiro: o esquema da alienação, cuja essência está em Feuerbach e que se aplica às relações entre o homem e Deus, é por sua vez aplicado por Marx à sociedade capitalista.

Falávamos do problema atual, a um tempo atrás, com uma alta personalidade romana. Esta nos declarou: “Não consigo entender o comportamento de certos católicos franceses, que sempre tentam conservar-se em perpétuo contato com o comunismo: a oposição total contudo é mais que manifesta, e em todos os níveis as doutrinas são inteiramente antagonistas e inconciliáveis uma com a outra. A Igreja já interveio diversas vezes para dizer que se deve pensar nisso, que o cristão católico deveria encerrar o debate. Enfim há a prova dos fatos: em todo lugar onde o comunismo está no poder, ele se encarniça em destruir a religião cristã”.

Essas palavras autorizadas nos dão o traçado de um plano:

Caráter intrinsecamente inconciliável das doutrinas

Elas se opõem no que respeita à idéia que têm da realidade, da hierarquia dos bens e dos males, da finalidade que almejam, e enfim da escolha dos meios.

a) Para o cristão (e em geral para o espiritualista e o homem de religião monoteísta) o mundo material existe com certeza e é obra de Deus: não devemos desprezá-lo, nem negligenciá-lo, no entanto a realidade suprema é Deus e o mundo espiritual, muito mais rico e denso que o mundo material. Qualquer ato de fé proclama essa realidade, e os santos fizeram disso o centro de suas vidas. Para o marxista só existe a matéria, o pensamento não passa de um efeito dela, e tudo o que pertence ao mundo espiritual é pura fantasmagoria, mistificação nefasta que se deve extirpar.

b) Para o cristão a suprema aflição, a única alienação integral é o pecado, a falta moral. Em comparação a isso o resto é secundário. Para o marxista a noção de pecado é enganadora e irracional, o mal supremo é o sofrimento resultante da opressão social.

c) Para o cristão a vida dos homens cá embaixo não é totalmente desinteressante, devendo-se combater a injustiça, mas no final das contas a última morada é o céu, e a esperança está no Reino de Deus, e não na técnica e na racionalização dos meios de produção. Para o marxista “o paraíso está na terra que construiremos” (Maurice Thorez, retomando uma expressão de Marx) , o resto é quimera odiosa.

d) Para o cristão existem meios de ação intrinsecamente ilegítimos, que não se devem empregar nunca, qualquer seja seu efeito temporal (visto que o pecado é o maior dos males). Para o marxista, bom é o que serve à causa da Revolução, e mal o que se lhe opõe*, de modo que é coisa rara ver as boas almas se espantarem quando o comunismo se vale de procedimentos como a mentira, a calúnia em detrimento do adversário, os processos pré-fabricados, a liquidação física de indivíduos ou grupos, etc. Em sua visão haveria grande prejuízo em tolher as ações devido a um escrúpulo pequeno-burguês, já que se trata de tornar os homens felizes de uma vez por todas.

Como então poderia o cristão colaborar, mesmo no plano puramente prático (?) com o Partido Comunista? Não dá para entender, logicamente falando, como alguns puderam acreditar e perseverar nesse caminho (o que prova que certos espíritos são capazes de rejeitar até às evidências).

JUGNET, Louis. Doutrinas Filosóficas e Sistemas Políticos. Rio de Janeiro: Editora Permanência, 2008, p.69-71.

Lei dos homens e Lei de Deus


“Na Igreja há a possibilidade de aplicação de penalidades automáticas, dentre esses crimes está o do aborto. Em outras palavras, não fui eu que excomunguei ninguém, eu só lembrei desta lei da Igreja, que está em vigor desde o primeiro século da nossa Santa Igreja. Mas eu tenho a impressão que essa difusão (do episódio) irá produzir bons efeitos, sobretudo naqueles que são católicos. Porque estamos vivendo um período de silêncio que pode ser até interpretado como cumplicidade. Todo ano há, em Israel, uma solenidade para relembrar aqueles judeus mortos na Segunda Guerra Mundial, que foram 6 milhões de judeus. Todo ano se relembra o holocausto e o papa sempre manda representantes da Igreja Católica. Mas há um silêncio total sobre outro holocausto que acontece todos os anos. São 50 milhões de abortos todos os anos, 1 milhão no Brasil. Por isso, temos que relembrar a todos que acima das leis humanas existem as leis de Deus. A lei dos homens no Brasil diz que se pode praticar o aborto em determinadas circunstâncias, como o estupro e ameaça à vida de mãe. A lei de Deus diz que jamais é lícito eliminar uma vida inocente mesmo que para salvar outra vida. [...] Eu sou dos que pretendem conservar as leis de Deus. Por exemplo, quem não aceita o culto à Nossa Senhora não aceita as leis de Deus. Não adianta andar com a bíblia embaixo do braço, ler a bíblia todo o dia… É um gesto até bonito esse, mas não adianta de nada se não aceitar o culto a Nossa Senhora, pois está lá em Lucas, capítulo 1, como Deus veio ao mundo. [...] Quando eu cheguei aqui, o Iter (Instituto Teológico de Recife) estava funcionando havia muitos anos. Dizia-se, abertamente, abre aspas, havia mais ou menos 50 homossexuais declarados. Isso não era um ambiente próprio para formar os futuros sacerdotes. Antes mesmo de eu chegar aqui, a Santa Sé mandou um visitador para examinar a situação. Depois da minha chegada, eu sabendo dessa situação, retirei os alunos da arquidiocese e reabri o seminário de Olinda apenas para a formação de sacerdotes”.

Palavras de D. José Cardoso Sobrinho à revista Época

Fonte imagem e texto: http://www.fratresinunum.com/

Comungar bem - Dom José Cardoso Sobrinho


Nossa Santa Igreja, desde o início, adverte os fiéis sobre a responsabilidade de receber dignamente – isto é, em estado de graça – o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Já no início da Igreja, São Paulo Apóstolo exortava severamente os cristãos da comunidade de Corinto, com as seguintes palavras:

"Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice anunciais a morte do Senhor até que Ele venha. Eis por que todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que comer e beber sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1 Cor. 11,26-29).

Aprendemos no catecismo da infância que, para receber dignamente a Eucaristia, é necessário encontrar-se na graça de Deus, ou seja, não ter consciência de nenhum pecado grave. Quem teve a fragilidade de cometer uma falta grave, deve primeiro converter-se, isto é, mudar de comportamento e depois aproximar-se humildemente do sacramento da confissão para receber a absolvição. Então poderá receber digna e frutuosamente a comunhão eucarística.

Nossa Santa Igreja continua a expor esta doutrina através dos séculos. O Servo de Deus Papa João Paulo II declarou oficialmente:

“Se o cristão tem na consciência o peso de um pecado grave, então o itinerário da penitência, através do sacramento da reconciliação, torna-se o caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente do sacrifício eucarístico” (ENCÍCLICA “ECCLESIA DE EUCHARISTIA” n. 37).

Neste mesmo documento, o Papa transcreve a seguinte exortação proferida pelo grande doutor da Igreja São João Crisóstomo:

“Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De fato, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados castigos”.

“O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (n. 1415) estabelece o mesmo princípio:

“Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente, a absolvição no sacramento da penitência”.

Infelizmente, hoje em dia circulam teorias falsas afirmando que podem receber a comunhão eucarística pessoas que vivem habitualmente em situação de pecado, p. ex., casais que vivem em situação matrimonial irregular, ou seja, na assim chamada "segunda união". Sobre este problema o mesmo Papa João Paulo II se pronunciou claramente na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA "FAMILIARIS CONSORTIO" n. 84. Eis suas palavras:

“A Igreja, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”.

O mesmo princípio foi reafirmado recentemente pelo atual Santo Padre Bento XVI na sua EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “SACRAMENTUM CARITATIS” n. 29:

“O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos os divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia”.

A insistência do Santo Padre, por meio de declarações oficiais e solenes, demonstra a atualidade e a importância pastoral deste problema. Quem tivesse a ousadia de defender a doutrina contrária afirmando que os que estão em situação de pecado e, especificamente aqueles que vivem “em segunda união matrimonial” podem receber a eucaristia, tal pessoa evidentemente estaria discordando do Vigário de Cristo na terra e colocando-se em grave situação de pecado, por estar induzindo outros a comungar sacrilegamente.

A Eucaristia, como já dizia Santo Tomás de Aquino, “é o bem máximo da Igreja”. O Concílio Vaticano II, declarou: “a Eucaristia é a fonte e ápice de toda a vida Cristã” (LUMEN GENTIUM n. 11).

Podemos então logicamente concluir que nossa vida eucarística é o termômetro de toda a nossa vida espiritual: se quisermos saber qual o atual nível de nossa vida espiritual, é suficiente examinar nossa devoção eucarística.

Dom José Cardoso Sobrinho

Assistam o vídeo e comentem...



Fonte: www.advhaereses.blogspot.com

Deo Gratia por esta vocação


Caros amigos, uma grande amiga minha estará, nesta próxima semana (tudo indica que segunda feira) ingressando para a clausura da Ordem Carmelita Descalça, em Franca, São Paulo. Neste sentido, peço a todos que rezem por ela, para que Deus, que agora lhe atrai à vida monástica, lhe conceda a graça de uma vida de autêntica santidade.. Desde já, peço-vos uma "Ave Maria" por ela, para que Deus, pela intercessão da Virgem Santíssima, lhe dê forças neste processo de transição.

Nestes dias que se seguem, agradeceria ainda as orações de todos nesta intenção. Pax Deo.

Mary, did you know?

Disponibilizo o belíssimo vídeo com a música "Mary, did you Know?" Muito bonito...

Carta de Sua Santidade Bento XVI

CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA

A propósito da remissão da excomunhão aos quatro Bispos consagrados pelo Arcebispo Lefebvre

Amados Irmãos no ministério episcopal! A remissão da excomunhão aos quatro Bispos, consagrados no ano de 1988 pelo Arcebispo Lefebvre sem mandato da Santa Sé, por variadas razões suscitou, dentro e fora da Igreja Católica, uma discussão de tal veemência como desde há muito tempo não se tinha experiência. Muitos Bispos sentiram-se perplexos perante um facto que se verificou inesperadamente e era difícil de enquadrar positivamente nas questões e nas tarefas actuais da Igreja. Embora muitos Bispos e fiéis estivessem, em linha de princípio, dispostos a considerar positivamente a decisão do Papa pela reconciliação, contra isso levantava-se a questão acerca da conveniência de semelhante gesto quando comparado com as verdadeiras urgências duma vida de fé no nosso tempo. Ao contrário, alguns grupos acusavam abertamente o Papa de querer voltar atrás, para antes do Concílio: desencadeou-se assim um avalanche de protestos, cujo azedume revelava feridas que remontavam mais além do momento. Por isso senti-me impelido a dirigir-vos, amados Irmãos, uma palavra esclarecedora, que pretende ajudar a compreender as intenções que me guiaram a mim e aos órgãos competentes da Santa Sé ao dar este passo. Espero deste modo contribuir para a paz na Igreja.

Uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão. O gesto discreto de misericórdia para com quatro Bispos, ordenados válida mas não legitimamente, de improviso apareceu como algo completamente diverso: como um desmentido da reconciliação entre cristãos e judeus e, consequentemente, como a revogação de quanto, nesta matéria, o Concílio tinha deixado claro para o caminho da Igreja. E assim o convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objectivo do meu trabalho teológico pessoal. O facto de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste. Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.


Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições. Um ordenação episcopal sem o mandato pontifício significa o perigo de um cisma, porque põe em questão a unidade do colégio episcopal com o Papa. Por isso a Igreja tem de reagir com a punição mais severa, a excomunhão, a fim de chamar as pessoas assim punidas ao arrependimento e ao regresso à unidade. Passados vinte anos daquelas ordenações, tal objectivo infelizmente ainda não foi alcançado. A remissão da excomunhão tem em vista a mesma finalidade que pretende a punição: convidar uma vez mais os quatro Bispos ao regresso. Este gesto tornara-se possível depois que os interessados exprimiram o seu reconhecimento, em linha de princípio, do Papa e da sua potestade de Pastor, embora com reservas em matéria de obediência à sua autoridade doutrinal e à do Concílio. E isto traz-me de volta à distinção entre pessoa e instituição. A remissão da excomunhão era um provimento no âmbito da disciplina eclesiástica: as pessoas ficavam libertas do peso de consciência constituído pela punição eclesiástica mais grave. É preciso distinguir este nível disciplinar do âmbito doutrinal. O facto de a FraternidadeSão Pio X não possuir uma posição canónica na Igreja não se baseia, ao fim e ao cabo, em razões disciplinares mas doutrinais. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja. Por conseguinte, é necessário distinguir o nível disciplinar, que diz respeito às pessoas enquanto tais, do nível doutrinal em que estão em questão o ministério e a instituição. Especificando uma vez mais: enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros – embora tenham sido libertos da punição eclesiástica – não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja.


À luz desta situação, é minha intenção unir, futuramente, a Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei» – instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – à Congregação para a Doutrina da Fé. Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas. Os organismos colegiais pelos quais a Congregação estuda as questões que se lhe apresentam (especialmente a habitual reunião dos Cardeais às quartas-feiras e a Plenária anual ou bienal) garantem o envolvimento dos Prefeitos de várias Congregações romanas e dos representantes do episcopado mundial nas decisões a tomar. Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.


Dito isto, espero, amados Irmãos, que tenham ficado claros tanto o significado positivo como os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. Mas resta a questão: Tal provimento era necessário? Constituía verdadeiramente uma prioridade? Não há porventura coisas muito mais importantes? Certamente existem coisas mais importantes e mais urgentes. Penso ter evidenciado as prioridades do meu Pontificado nos discursos que pronunciei nos seus primórdios. Aquilo que disse então permanece inalteradamente a minha linha orientadora. A primeira prioridade para o Sucessor de Pedro foi fixada pelo Senhor, no Cenáculo, de maneira inequivocável: «Tu (…) confirma os teus irmãos» (Lc 22, 32). O próprio Pedro formulou, de um modo novo, esta prioridade na sua primeira Carta: «Estai sempre prontos a responder(…) a todo aquele que vos perguntar a razão da esperança que está em vós» (1 Ped 3, 15). No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presenteneste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais.


Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo. Segue-se daqui, como consequência lógica, que devemos ter a peito a unidade dos crentes. De facto, a sua desunião, a suacontraposição interna põe em dúvida a credibilidade do seu falar de Deus. Por isso, o esforço em prol do testemunho comum de fé dos cristãos – em prol do ecumenismo – está incluído na prioridade suprema. A isto vem juntar-se a necessidade de que todos aqueles que crêem em Deus procurem juntos a paz, tentem aproximar-se uns dos outros a fim de caminharem juntos – embora na diversidade das suas imagens de Deus – para a fonte da Luz: é isto o diálogo inter-religioso. Quem anuncia Deus como Amor levado «até ao extremo» deve dar testemunho do amor: dedicar-se com amor aos doentes, afastar o ódio e a inimizade, tal é a dimensão social da fé cristã, de que falei na Encíclica Deus caritas est.


Em conclusão, se o árduo empenho em prol da fé, da esperança e do amor no mundo constitui neste momento (e, de formas diversas, sempre) a verdadeira prioridade para a Igreja, então fazem parte dele também as pequenas e médias reconciliações. O facto que o gesto submisso duma mão estendida tenha dado origem a um grande rumor, transformando-se precisamente assim no contrário duma reconciliação é um dado que devemos registar. Mas eu pergunto agora: Verdadeiramente era e é errado ir, mesmo neste caso, ao encontro do irmão que «tem alguma coisa contra ti» (cf. Mt 5, 23s) e procurar a reconciliação? Não deve porventura a própria sociedade civil tentar prevenir as radicalizações e reintegrar os seus eventuais aderentes – na medida do possível – nas grandes forças que plasmam a vida social, para evitar a segregação deles com todas as suas consequências? Poderá ser totalmente errado o facto de se empenhar na dissolução de endurecimentos e de restrições, de modo a dar espaço a quanto nisso haja de positivo e de recuperável para o conjunto? Eu mesmo constatei, nos anos posteriores a 1988, como, graças ao seu regresso, se modificara o clima interno decomunidades antes separadas de Roma; como o regresso na grande e ampla Igreja comum fizera de tal modo superar posições unilaterais e abrandar inflexibilidades que depois resultaram forças positivas para o conjunto. Poderá deixar-nos totalmente indiferentes uma comunidade onde se encontram 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis? Verdadeiramente devemos com toda a tranquilidade deixá-los andar à deriva longe da Igreja? Penso, por exemplo, nos 491 sacerdotes: não podemos conhecer toda a trama das suas motivações; mas penso que não se teriam decidido pelo sacerdócio, se, a par de diversos elementos vesgos e combalidos, não tivesse havido o amor por Cristo e a vontade de anunciá-Lo e, com Ele, o Deus vivo. Poderemos nós simplesmente excluí-los, enquanto representantes de um grupo marginal radical, da busca da reconciliação e da unidade? E depois que será deles?


É certo que, desde há muito tempo e novamente nesta ocasião concreta, ouvimos da boca de representantes daquela comunidade muitas coisas dissonantes: sobranceria e presunção, fixação em pontos unilaterais, etc. Em abono da verdade, devo acrescentar que também recebi uma série de comoventes testemunhos de gratidão, nos quais se vislumbrava uma abertura dos corações. Mas não deveria a grande Igreja permitir-se também de ser generosa, ciente da concepção ampla e fecunda que possui, ciente da promessa que lhe foi feita? Não deveremos nós, como bons educadores, ser capazes também de não reparar em diversas coisas não boas e diligenciar por arrastar para fora de mesquinhices? E não deveremos porventura admitir que, em ambientes da Igreja, tambémsurgiu qualquer dissonância? Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. E se alguém ousa aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso – perde também o direito à tolerância e pode de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência.


Amados Irmãos, nos dias em que me veio à mente escrever-vos esta carta, deu-se o caso de, no Seminário Romano, ter de interpretar e comentar o texto de Gal 5, 13-15. Notei com surpresa o carácter imediato com que estas frases nos falam do momento actual: «Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a lei se resume nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tomai cuidado em não vos destruirdes uns aos outros». Sempre tive a propensão de considerar esta frase como um daqueles exageros retóricos que às vezes se encontram em São Paulo. E, sob certos aspectos, pode ser assim. Mas,infelizmente, este «morder e devorar» existe também hoje na Igreja como expressão duma liberdade mal interpretada. Porventura será motivo de surpresa saber que nós também não somos melhores do que os Gálatas? Que pelo menos estamos ameaçados pelas mesmas tentações? Que temos de aprender sempre de novo o recto uso da liberdade? E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor? No dia em que falei disto no Seminário Maior, celebrava-se em Roma a festa de Nossa Senhora da Confiança. De facto, Maria ensina-nos a confiança. Conduz-nos ao Filho, de Quem todos nós podemos fiar-nos. Ele guiar-nos-á, mesmo em tempos turbulentos. Deste modo quero agradecer de coração aos numerosos Bispos que, neste período, me deram comoventes provas de confiança e afecto, e sobretudo me asseguraram a sua oração. Este agradecimento vale também para todos os fiéis que, neste tempo, testemunharam a sua inalterável fidelidade para com o Sucessor de São Pedro. O Senhor nos proteja a todos nós e nos conduza pelo caminho da paz. Tais são os votos que espontaneamente me brotam do coração neste início da Quaresma, tempo litúrgico particularmente favorável à purificação interior, que nos convida a todos a olhar com renovada esperança para a meta luminosa da Páscoa.


Com uma especial Bênção Apostólica, me confirmo


Vosso no Senhor


BENEDICTUS PP. XVI


Vaticano, 10 de Março de 2009.

Enviado por Claudemir Leandro

Excertos de uma carta do Santo Padre sobre o caso das excomunhões e Dom Williamson


A carta em si sairá amanhã (quinta feira). Abaixo alguns excertos cedidos por fontes italianas e traduzidos e disponibilizados pelo Fratres in Unum:

“Um contratempo imprevisível para mim foi o fato de que o caso Williamson foi colocado acima da remissão das excomunhões. O discreto gesto de misericórdia em direção dos quatro bispos, ordenados válida mas ilicitamente, apareceu inesperadamente como uma matéria completamente diferente: como uma negação da reconciliação de Cristãos e Judeus, e então como uma revogação daquilo que o Concílio esclareceu como o caminho da Igreja a respeito desta matéria”

“Estou entristecido pelo fato de que mesmo os Católicos, que no final deveriam saber melhor como as coisas se colocam, consideraram ter de me atingir com uma hostilidade pronta para o ataque. Por isso, eu agradeço ainda mais os amigos Judeus que me ajudaram a prontamente remover o mal entendimento e reestabelecer uma atmosfera de amizade e confiança”.

“A impressão é comumente dada de que nossa sociedade sente a necessidade de ao menos um grupo ao qual nenhuma tolerância é concedida; que se possa perfeitamente abusar com ódio. E se alguém ousa aproximar-se deles, ele também perde seu direito à tolerância e também pode ser tratado com ódio, sem medo ou reservas”.

Um homem caiu num buraco

Estive olhando uns blogs pela net e, no Adversus Haereses, encontrei o belo vídeo que aqui disponibilizo.

Sobre o controle dos nascimentos - mais Pio XII


O senhor fez todas as coisas da terra para o homem; e o próprio homem, no que concerne ao seu ser e a sua essência, foi criado por Deus, não por outra criatura, embora em seu operar, tenha obrigações para com a comunidade. Ora, “homem” é já também a criança, até a que ainda não nasceu, no mesmo grau e pelo mesmo título que a sua própria mãe.

Além disso, cada ser humano, também a criança, no seio materno, tem o direito à vida, direito que imediatamente vem de Deus e não dos progenitores, nem de qualquer sociedade ou autoridade humana. Portanto não há nenhum homem, nenhuma autoridade humana, nenhuma ciência, nenhuma “indicação” médica, eugênica, social, econômica, moral que possam eximir ou dar um válido título jurídico para uma direta e deliberada disposição sobre uma vida humana inocente, quer dizer, uma disposição que mira a sua destruição, seja como escopo, seja como meio para outro escopo, que talvez em si não é ilícito. Assim, por exemplo, salvar a vida da mãe é nobilíssimo fim; mas a morte direta da criança como meio a tal fim, não é lícita. A direta destruição da assim chamada “vida sem valor” nascida ou ainda não nascida, praticada poucos anos faz, em elevado número, não pode ser de modo algum justificada. Por isto quando esta prática teve princípio, a Igreja declarou formalmente ser contrária ao direito natural divino positivo, e portanto ilícita; matar, ainda que por ordem da autoridade pública, aqueles que, embora inocentes, todavia por taras físicas e psíquicas não eram úteis à nação, mas pelo contrário tornavam-se para ela um peso. A vida de um inocente é intangível, e qualquer direito, atentado ou agressão contra ela é violação de uma das leis fundamentais, sem as quais não é possível uma segura convivência humana.

Também as dores que, depois da culpa original, a mãe deve sofrer para dar à luz seu filho, não fazem senão apertar ainda mais o vínculo que os une; ela o ama tanto mais quanto mais lhe custou em dores. Isto exprimiu com comovente e profunda simplicidade Aquele que plasmou o coração das mães: “A mulher, quando dá à luz, está em dores, porque chegou a sua hora; mas quando já deu à luz o menino, não se recorda mais das angústias, pela alegria que tem, pois nasceu um homem no mundo”. Ademais o Espírito Santo, pela pena do Apóstolo S. Paulo, mostra ainda a grandeza e a alegria da maternidade; Deus dá às mães as crianças, mas, mesmo dando-lhes, as faz cooperar efetivamente no desabrochar da flor, cujo germe colocara em suas vísceras, e esta cooperação torna-se uma vida que é a sua eterna salvação: “Salvar-se-á a mulher pela geração dos filhos”.

Nosso predecessor Pio XI, de feliz memória, em sua Encíclica “Casti Conubi” do dia 31 de dezembro de 1930, proclamou de novo solenemente a lei fundamental do ato e das relações conjugais: que cada atentado dos cônjuges no cumprimento do ato conjugal e no desenvolvimento de suas conseqüências naturais, atentado tendo por escopo privá-lo da força que lhe é inerente e de impedir a procriação de uma nova vida, é imoral; e que nenhuma “indicação” ou necessidade pode mudar uma ação intrinsecamente imoral em um ato moral e lícito.

Esta prescrição está em pleno vigor hoje como ontem, e tal será também amanhã e sempre, porque não é um simples preceito do direito humano, mas a expressão de uma lei natural e divina.

Seria muito mais do que uma simples falta de presteza no serviço da vida, se o atentado do homem não atingisse apenas um ato singular, mas o próprio organismo com o escopo de privá-lo, por meio da esterilização, das faculdades de procriar uma nova vida.

A esterilização direta – isto é, aquela que mira, como meio e como escopo, tornar impossível a procriação - é uma grave violação da lei moral, e é portanto ilícita. Também a autoridade pública não tem direito algum, sob pretexto de qualquer “indicação” de permitir, e muito menos de prescrevê-la ou de a fazer executar com dano dos inocentes. Este princípio encontra-se já enunciado na Encíclica supramencionada de Pio XI sobre o matrimônio. Por isto, quando, desde um decênio, a esterilização começou a ser sempre mais aplicada, a Santa Sé sente-se na necessidade de declarar expressa e publicamente que a esterilização direta, seja perpétua ou temporária, seja do homem ou da mulher, é ilícita, em virtude da lei natural, a qual a própria Igreja, como sabeis, não tem o poder de dispensar.

Apresenta-se além disto hoje em dia o grave problema, se e quanto o dever de pronta disposição a serviço da maternidade é conciliável com o cada vez mais difundido recurso aos tempos da esterilidade natural (assim chamados agenesíacos na mulher) o que representa clara atitude de vontade, contrária àquela disposição.

Ocorre antes de tudo considerar duas hipóteses. Se a atuação de tal teoria não quer significar outra coisa senão que os cônjuges podem fazer uso de seus direitos matrimoniais também nos dias de esterilidade natural, nada há a se opor; com isto, realmente, eles não impedem nem prejudicam de modo algum a consumação do ato natural e suas ulteriores naturais conseqüências. Exatamente nisto a aplicação da teoria da qual falamos distingue-se essencialmente do abuso já assinalado, que consiste na perversão do próprio ato. Se, pelo contrário, vai-se mais longe, permitindo o ato conjugal exclusivamente naqueles dias, então a conduta dos esposos deve ser examinada mais atentamente.

E aqui de novo duas hipóteses se apresentam à nossa reflexão. Se já na conclusão do matrimônio ao menos um dos cônjuges tivesse tido a intenção de restringir ao tempo de esterilidade o próprio direito matrimonial, e não somente seu uso, de modo que nos outros dias o outro cônjuge não tivesse nem mesmo o direito de requerer o ato, isto implicaria um defeito essencial do consenso matrimonial, que levaria consigo a invalidade do matrimônio, porque o direito derivante do contrato matrimonial é um direito permanente, ininterrupto, e não intermitente, de cada um dos cônjuges com relação ao outro.

Se pelo contrário aquela limitação do ato aos dias de natural esterilidade refere-se não a um direito propriamente dito, mas só ao uso do direito, a validade do matrimônio permanece fora de discussão; todavia a liceidade moral de tal conduta dos cônjuges seria para se afirmar ou se negar, conforme a intenção de observar constantemente aqueles tempos é baseada, ou não, sobre motivos morais suficientes e seguros. Só o fato de que cônjuges não ofendem a natureza do ato e estão até prontos a aceitar e educar o filho, que não obstante suas precauções, viesse à luz, não bastaria por si só para garantir a retidão da intenção e a moralidade irretorquível dos próprios motivos.

A razão é que o matrimônio obriga a um estado de vida, que assim como confere certos direitos, também impõe o cumprimento de uma obra positiva, a respeito do próprio estado. Em tal caso pode-se aplicar o princípio geral de que uma prestação positiva pode ser omitida, se graves motivos, independentes da boa vontade daqueles que a ela são obrigados, mostram que aquela prestação é inoportuna, e provam que não a pode justamente exigir do referente, que neste caso é o gênero humano. O contrato matrimonial, que confere aos esposos o direito de satisfazer as inclinações da natureza, constitui os esposos em um estado de vida, estado matrimonial. Ora os cônjuges, que fazem dele uso como o ato específico do seu estado, a natureza e o Criador impõem uma função de prover à conservação do gênero humano. É esta prestação característica, que faz o valor próprio dos seus estados, o bem da prole. O indivíduo e a sociedade, o povo do Estado, a própria Igreja, dependem para suas existências, na ordem por Deus estabelecida, do matrimônio fecundo. Portanto abraçar o estado matrimonial, usar continuamente a faculdade a ele própria e nele somente lícita, e de outra parte, subtrair-se sempre e deliberadamente sem um grave motivo, ao seu primário dever, seria um pecado contra o próprio sentido da vida conjugal.

Desta prestação positiva, obrigatória, podem eximir até por longo tempo, antes pela inteira duração do matrimônio, sérios motivos, como aqueles que existem não raramente na chamada “indicação médica”, eugênica e social. Disto se segue que a observância dos tempos infecundos pode ser lícita sob o aspecto moral; e nas condições mencionadas é realmente tal. Se porém não existem, segundo um juízo racional e justo, semelhantes graves razões pessoais ou derivantes das circunstâncias exteriores, a vontade de evitar habitualmente a fecundidade de suas uniões embora continuando a satisfazer plenamente às suas sensualidades, não pode derivar senão de uma falsa consideração da vida e de motivos estranhos às retas normas éticas.

Diante de casos assaz delicados, nos quais não se pode exigir que corram o risco da maternidade, que precisa ser absolutamente evitada, e quando de outra parte, a observância dos períodos agenesíacos, ou não dá suficiente segurança, ou deve ser afastada por outros motivos, toda manobra preventiva e todo direito atentado à vida e ao desenvolvimento do germe está em consciência proibido e excluído, e uma só via permanece aberta, aquela da abstinência de toda atuação completa da faculdade natural.

Mas, observar-se-á que semelhante abstinência é impossível, que tal heroísmo é irrealizável. Esta objeção hoje ouvi-la-eis, e ireis lê-la em toda parte, até de quem, por dever e por competência, deveria estar capacitado para julgar diversamente.

E costuma-se aduzir como prova o seguinte argumento: “ninguém está obrigado ao impossível, e nenhum legislador racional presume-se que queira obrigar com sua lei também ao impossível. Ora para os cônjuges a abstinência com longa duração é impossível. Portanto não estão obrigados à abstinência; a lei divina não pode ter este sentido”.

Assim da premissa parcialmente verdadeira, deduz-se uma conclusão falsa. Para convencer-se disto, basta inverter-se os termos do argumento: - Deus não obriga ao impossível. Mas Deus obriga os cônjuges à abstinência se a sua união não pode ser completa segundo as normas da natureza. Portanto, nestes casos, a abstinência é possível. Temos a confirmação de tal argumento na doutrina do Concílio de Trento, o qual, no capítulo sobre a observância, necessária e possível, dos mandamentos ensina, referindo-se a um passo de Sto. Agostinho: “Deus não manda coisas impossíveis, mas enquanto manda, avisa, para fazer o que podes, e pedir aquilo que não podes, e ajuda a fim de que possas”.

Discurso às obstretizes, 29 de outubro, 1951.

CHININGO, Michael. Pio XII e os problemas do mundo moderno. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1961.

Necessidade da mortificação para a perfeição - Adolph Tanquerey


A - Esta necessidade promana da natureza da perfeição que, como acima dissemos, consiste no amor de Deus até o sacrifício e imolação de nós mesmos, de tal sorte que, segundo a Imitação, a medida do nosso progresso espiritual depende da violência que a nós mesmos nos fazemos. Bastará, pois, recordar sumariamente alguns motivos que poderão influir sobre a nossa vontade, para a ajudar a cumprir este dever. Esses motivos tiram-se da parte de Deus, de Jesus Cristo, e da nossa santificação pessoal.

Da parte de Deus

O fim da mortificação, como dissemos, é unir-nos a Deus. Ora, é impossível conseguir essa união, se nos desprendermos do amor desordenado das criaturas.

B – No dia do nosso batismo, firmou-se entre Deus e nós um verdadeiro contrato. a) Do seu lado, purificou-nos Deus da mácula original e adotou-nos por filhos, comunicou-nos uma participação da sua vida e empenhou-se a dar-nos todas as graças necessárias para a conservar e acrescentar. E bem sabemos nós com que liberalidade cumpriu Deus as suas promessas. b) Do nosso lado, comprometemo-nos a viver como verdadeiros filhos de Deus, a aproximar-nos da perfeição do nosso Pai celeste, cultivando essa vida sobrenatural. Ora, tudo isso é impossível sem a prática da mortificação. Porquanto, duma parte, o Espírito Santo, que nos foi dado no batismo, “nos leva a buscar o desprezo, a pobreza, os sofrimentos, e por outra, a nossa carne deseja a honra, o prazer, as riquezas”. Há, pois, em nós um conflito, uma luta incessante; nem podemos ser fiéis a Deus, sem renunciarmos ao amor desordenado da honra, do prazer e das riquezas. É por isso que o sacerdote, ao administrar-nos o batismo, traça duas cruzes sobre nós, uma sobre o coração, para imprimir em nós o amor da cruz, outra sobre os ombros, para nos dar a força de a levar. Faltaríamos, pois, às promessas do nosso batismo, se não carregássemos com a nossa cruz, combatendo o desejo da honra com a humildade, o amor do prazer com a mortificação, a sede das riquezas com a pobreza.

Da parte de Jesus Cristo

A) Somos-lhe incorporados pelo batismo, e, como tais, devemos receber dele o movimento e as inspirações, e, por conseguinte, conformar-nos com Ele. Ora, como diz a Imitação, a sua vida inteira não foi senão um longo martírio:“Tota vita Christi crux fuit et martyrium”. A nossa, por conseguinte, não pode ser vida de prazer e honras, senão vida mortificada. É afinal o que nos diz claramente o nosso divino Chefe: “Si quisvult post me venire, abneget semetipsum, et tollat crucem suam quotidie et sequatur me” (Lc IX, 23). Pois, se há alguém que deva seguir a Jesus, é seguramente aquele que tende à perfeição. Ora, como seguir a Jesus que, desde a entrada no mundo abraçou a cruz, que toda a sua vida suspirou pelo sofrimento e humilhação, que desposou a pobreza no presépio e a teve por companheira até o Calvário, se amamos o prazer, as honras, as riquezas, se não levamos a nossa cruz de cada dia, a que o próprio Deus nos escolhe e envia? É uma vergonha, exclama S. Bernardo, que, debaixo duma cabeça coroada de espinhos, sejamos membros delicados, com temor dos menores sofrimentos “pudeat sub spinato capite membrum fieri delicatum”. Para sermos, pois, conformes a Jesus Cristo e nos aproximarmos da sua perfeição, é necessário levar a nossa cruz com Ele.

B) A) Se aspiramos ao apostolado, aí temos novo motivo para crucificar a carne: Foi pela cruz que Jesus Cristo salvou o mundo; será, pois, pela cruz que havemos de colaborar com Ele na salvação de nossos irmãos, e o nosso zelo será tanto mais fecundo quanto maior for a parte que tivermos nos sofrimentos do Salvador. Era este, seguramente, o motivo que animava S. Paulo, quando completava em sua carne a paixão do divino Mestre, a fim de obter graças para a Igreja. É isto que sustentou no passado e sustenta ainda no presente tantas almas que se oferecem como vítimas, para ser Deus glorificado e as almas salvas. É áspero, em dúvida, o sofrimento; mas, ao contemplarmos Jesus caminhando diante de nós com a cruz aos ombros, para nos salvar a nós e aos nossos irmãos, ao vermos a sua agoniam, a sua condenação injustíssima, a flagelação, a coroação de espinhos, a crucifixão, ao ouvirmos as mofas, os insultos, as calúnias, que Ele aceita em silêncio, como ousaremos queixar-nos? Ainda não chegamos a derramar o sangue: “nondum usque ad sanguinem restitistis” (Hebr. XII,4). E se estimamos no seu justo valor a nossa alma e a de nossos irmãos, não valerá a pena suportar alguns sofrimentos passageiros por uma glória que jamais findará, e para cooperar com Cristo Senhor Nosso na salvação dessas almas, pelas quais Ele derramou, até a última gota, o seu sangue?

Estes motivos, por mais elevados que sejam, são compreendidos por algumas almas generosas, logo desde o começo da sua conversão; propor-lhos, é adiantar a obra da sua purificação e santificação.

Da parte da nossa santificação

A) Necessitamos de assegurar a perseverança; ora, a mortificação é, sem dúvida alguma, um dos melhores meios de preservação do pecado. O que nos faz sucumbir à tentação é o amor do prazer ou o horror da pena, da luta, horror difficultatis, labor certaminis. Ora, a mortificação combate esta dupla tendência, que em realidade é uma só. Desquitando-nos de alguns prazeres legítimos, a mortificação arma-nos a vontade contra os prazeres ilícitos, tornando-nos fácil a vitória sobre a sensualidade e o amor próprio, “agendo contra suam propriam sensualitatem et contra suum amorem carnalem et mundanum”, como diz com razão S. Inácio. Se, pelo contrário, capitulamos diante do prazer, concedendo-nos todas as alegrias permitidas, como saberemos resistir no momento em que a sensualidade, ávida de novos gozos, perigosos ou ilícitos, se sente como arrastada pelo hábito de ceder às suas exigências? A ladeira é tão escorregadia, em matéria de sensualidade , sobretudo é tal a fascinação da vertigem, que não há nada mais fácil que resvalar ao abismo. Até mesmo tratando-se de orgulho, o declive é mais rápido que se imagina: mente-se, por exemplo, em matéria leve, para dar uma desculpa e evitar assim uma humilhação; e depois, no sagrado tribunal, corre-se perigo de faltar à sinceridade por medo duma confissão humilhante. A própria segurança exige, pois, a luta contra o amor próprio tanto como contra a sensualidade e a cobiça.

B) Não basta evitar o pecado; é mister avançar na perfeição. Ora, qual é ainda aqui o grandíssimo obstáculo, senão o amor do prazer e o horror da cruz? Quantos desejariam ser melhores, tender à santidade, se não fosse o temor do esforço necessário para adiantar e das provações que Deus envia aos seus melhores amigos? É necessário, pois, recordar-lhes o que S. Paulo tantas vezes repetia aos primeiros cristãos, a saber, que a vida é um combate, que devemos ter vergonha de ser menos corajosos que os que lutam por uma recompensa terrestre, e, para se prepararem para a vitória, se privam de muitos prazeres lícitos e se impõem duros e penosos exercícios, e tudo isso por uma coroa perecedora, enquanto a coroa, que nos está prometida, é imortal. Temos medo do sofrimento; mas já refletimos nas terríveis penas do Purgatório que teremos de padecer durante longos anos, se quisermos viver na imortificação e conceder-nos todos os prazeres que nos lisonjeiam? Quanto mais prudentes não são os homens do século?! Quantos se não impõem ásperos trabalhos, e quantas vezes se não sujeitam a passos humilhantes, para ganharem um pouco de dinheiro e assegurarem uma aposentação honrosa! E nós não havíamos de nos dar à mortificação, para assegurar uma aposentação eterna na cidade do céu? É isto razoável?

É, pois, necessário convencermo-nos de que não há perfeição nem virtude possível sem mortificação. Como ser casto, sem mortificar essa sensualidade que nos inclina tão fortemente aos prazeres perigosos e perversos? Como guardar a temperança, senão reprimindo a gula? Como praticar a pobreza ou até mesmo a justiça, sem combater a cobiça? Como ser humilde, manso e caritativo, sem dominar essas paixões de orgulho, de cólera, de inveja e de ciúme que dormitam no fundo de todo o coração humano? Não há uma só virtude que, no estado de natureza decaída, se possa praticar muito tempo sem esforço, sem luta e, por conseguinte, sem mortificação. Pode-se, pois, dizer com M. Tronson, que, “assim como a imortificação é a origem dos vícios e a causa de todos os males, assim a mortificação é o fundamento das virtudes e a fonte de todos os bens”.

C) Pode-se até acrescentar que a mortificação, apesar de todas as privações e sofrimentos que impõe, é, ainda mesmo neste mundo, a fonte dos maiores bens, e que, afinal, os cristãos mortificados são em geral mais felizes que os mundanos que se entregam a todos os prazeres. É o que ensina o próprio Cristo Senhor Nosso, ao dizer-nos que os que deixam tudo, para o seguirem, recebem em retorno cento por um ainda mesmo nesta vida. S. Paulo não se exprime diversamente, quando, depois de haver falado da modéstia, isto é, da moderação em todas as coisas, acrescenta que quem a pratica goza daquela paz verdadeira que supera toda a consolação. Oh! Quanto não teve ele que sofrer! As provações terríveis, por que houve de passar na pregação do Evangelho, bem como na luta contra si mesmo, descreve-no-las ele longamente; mas acrescenta que abunda e superabunda de alegria no meio das suas tribulações: “superabundo Gaudio in omni tribulatione nostra” (II Cor. VII, 4)


TANQUEREY, Adolph. Compêndio de Teologia Ascética e Mística. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1955 [1924].

Todos os negacionismos, incluindo o aborto


"Além disso, sou daqueles que pedem que sejamos vigilantes em denunciar claramente todos os negacionismos: o do holocausto certamente, mas também o dos gulags soviéticos com os quais pudemos ser cúmplices por aproximações no mínimo imprudentes com o Partido comunista ou seus derivados sindicais nos anos 70, mas ainda o das 220.000 crianças massacradas no seio de suas mães: as gerações futuras não estarão no direito de nos acusar o nosso silêncio?"

Monsenhor Marc Aillet, bispo de Bayonne.

A Santa Missa e seus frutos - Papa Pio XII


Os homens que se aplicam seriamente em penetrar o sentido e o alcance do Sacrifício da Missa, não podem deixar de avivar neles mesmos o espírito de domínio de si, de mortificação, de subordinação das coisas terrenas às celestes, de absoluta obediência à vontade e à lei de Deus, especialmente se vós tiverdes o cuidado de inculcar neles tais sentimentos. É esta uma necessidade da hora presente, não menos do que o renovado zelo pela oração, pois que hoje muitos - entre os quais é doloroso ver também não poucos católicos - vivem como se o fim de tudo fosse formar-se um paraíso sobre a terra, sem pensamento algum para o além, para a eternidade.

A tendência natural d homem caído para as coisas terrenas, a sua incapacidade de compreender as coisas do Espírito de Deus é infelizmente favorecida em nossos dias pela cumplicidade de tudo quanto o circunda. Muitas vezes Deus não é negado, nem injuriado, nem blasfemado; Ele é como que um grande ausente. A propaganda para uma vida terrestre sem Deus é aberta, sedutora, contínua. Com razão observou-se que geralmente, mesmo nos filmes indicados como moralmente irrepreensíveis, os homens vivem e morrem como se não existisse Deus, nem a Redenção, nem a Igreja. Nós não queremos aqui colocar em discussão as intenções; não é porém verdade que as consequências destas representações cinematográficas neutras, já se estenderam e aprofundaram? Adiciona-se ainda a isto a nefasta propaganda deliberadamente dirigida para a formação da família, da sociedade, do próprio Estado, sem Deus. É uma torrente cujas águas lodacentas tentam penetrar até no campo católico. Quantos já foram contaminados! Com a própria boca, eles se professam ainda católicos, mas não percebem que suas condutas desmentem com os fatos aquela profissão de fé.

Não há portanto mais tempo para se perder, para fazer parar com todas as forças este deslize de nossas próprias fileiras na irreligiosidade e para acordar o espírito de oração e de penitência. A pregação das primeiras e principais verdades de fé e dos fins últimos, não somente nada perderam de sua oportunidade em nosso tempo, mas, antes, tornam-se mais que nunca necessárias e urgentes. Também a pregação sobre o inferno é atual. Sem dúvida, semelhante argumento deve ser tratado com dignidade e sabedoria. Mas quanto à substância mesma desta verdade a Igreja tem, diante de Deus e dos homens, o sagrado dever de anunciar, de ensinar sem qualquer atenuante, como Cristo a revelou, e não há nenhuma condição de tempo que possa fazer diminuir o rigor desta obrigação. Ela atinge e liga em consciência todo sacerdote a cujo ministério ordinário e extraordinário foi confiada a cura de doutrinar, admoestar e guiar os fiéis. É verdade que o desejo do céu é um motivo em si mesmo mais perfeito do que o temor das penas eternas; mas disto não se deduz que ele seja para todos os homens também o motivo mais eficaz para mantê-los distantes do pecado e convertê-los a Deus.

Meditai as palavras que o Senhor, na vigília de sua Paixão, dirigiu ao Apóstolo Pedro. "Eis que Satanás procura joeirar-te como o grão de trigo"; palavras de um impressionante significado no momento em que vivemos. Valem não somente para os pastores, mas também para toda a grei. Nas formidáveis controvérsias religiosas, das quais somos testemunhas, não se pode contar senão com fiéis que oram e se esforçam, mesmo a preço de grandes renúncias, por conformar suas vidas à lei de Deus. Todos os demais, na ordem espiritual - e disto se trata - oferecem-se indefesamente aos golpes do inimigo.

Um efeito da missa para os homens, efeito salutar não só para eles pessoalmente, mas também para as famílias, será que fecharão os olhos e o coração a tudo o que na imprensa, nos filmes, nos espetáculos, ofende o pudor e viola a lei mora. Onde, realmente, senão aqui, deverá verdadeiramente operar o espírito de penitência e de abnegação em união com Cristo?

Quando se pensa, de uma parte, nas nauseantes cruezas e coisas impuras, colocadas em amostra nos jornais, nas revistas, nas telas, nas cenas, e de outra parte, as inconcebíveis aberrações dos progenitores que vão com seus filhos deleitarem-se com semelhantes horrores, o rubor sobe à face, rubor de vergonha e de desprezo. A luta contra aquela peste, especialmente assinalando-lhe as manifestações às autoridades públicas, conseguiu já confortante resultado, e Nós nutrimos esperanças que ela será sempre mais eficaz e benéfica.

Nós esperamos da comum assistência dos homens à santa missa também outro fruto de capital importância: queremos aludir ao espírito de docilidade e de plena adesão ao Romano Pontífice, e de fraterna e estreita união entre os fiéis, toda vez que se trata de defender a causa da Igreja.

A causa da Igreja! Seus inimigos desencadearam contra Ela uma violenta campanha de palavras e escritos. Para eles todos os argumentos, também os mais absurdos, são bons, se servem para o fim a que tendem, e este fim é o de desagregar a unidade e a cooperação dos católicos, de abalar a confiança para com o Vigário de Cristo, para com os bispos e o clero. A arma preferida por eles é a calúnia, porque sabem muito bem que nunca ela é totalmente inofensiva, mas inocula nos espíritos a dúvida, a suspeita, a crítica, e nos corações um desafeto, que por vezes chega até o ódio. Assim a obediência e a concórdia são expostas ao perigo de se tornarem pouco e pouco corruptas e de serem destruídas. Relede a palavra de Cristo sobre o "pai da mentira": o mesmo vale para esta campanha de calúnias.

Bem outros frutos podem ainda recolher-se da Missa para os homens. Nós não mencionamos senão alguns entre os que pareciam mais corresponder à necessidade da hora e melhor servir à preparação interna dos fiéis.

SS Papa Pio XII - Discurso aos Párocos e Pregadores Quaresmalistas, 23 de março, 1949.
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